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Como usar a comunicação para influenciar? Pedro Coelho dos Santos
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Como é que a comunicação estratégica pode moldar perceções, inspirar ações e influenciar decisões? Descubra técnicas práticas, histórias reais e lições que transformam líderes em comunicadores eficazes..
Uma conversa sobre liderança e técnicas de comunicação usadas por todos os melhores e mais visionários líderes do mundo. Assim como por cá.
Vamos falar de liderança?
Todos temos uma ideia, um protótipo de líder ideal.
Para mim um líder é aquele que me inspira, dá-me confiança e atraia-me para seguir uma visão do mundo, um sonho, um caminho.
E para isso acontecer a liderança é, para mim, um puro ato de comunicação humana.
Sim, eu sei que os líderes têm de tomar decisões. Mas tem, principalmente, de conseguir explicar porque escolherem aquele caminho e não o outro.
É sobre isto o programa. Sobre pessoas que tem vontade de nos liderarem. E por isso falam-nos. Ao ouvido e ao coração. Que nós os humanos adoramos ser seduzidos e convencidos. Da mesma maneira que detestamos ser enganados, manipulados ou tratados como massas, ou, pior ainda, como irrelevante.
Tem a palavras Pedro Coelho dos Santos. Um guru da comunicação.
Ah, como sei que ele vai detestar este rótulo.
O que ainda me diverte mais. O Pedro ajuda pessoas importantes a comunicar.
E aceitou partilhar um par de segredos connosco.
Lembro-me sempre dos 4 pilares fundamentais que usamos para avaliar os outros:
São 4, para simplificar. Quatro prismas. O que conta é o que fazemos, como fazemos, como explicamos os que fazemos e como nos percecionam no que fazemos. Não fui eu quem inventou este conceito, foi um senhor de seu nome Dale Carnegie, um norte-americano nascido em 1888. Ele escreveu um célebre livro cujo titulo em português é “Como fazer amigos e influenciar pessoas”.
Portanto, ser líder, ser um bom líder, implica comunicar bem.
E comunicar bem é o cabo dos trabalhos. Acreditem em mim.
Implica vontade, honestidade, preparação e ser genuíno.
Uma receita de alta cozinha em forma de frases que nos ressoam no ouvido e na alma.
É sobre tudo isto a conversa que gravei com Pedro Coelho dos Santos, comunicador com larga experiência no treino de líderes de empresas, organizações, políticos e todos os que dizem querer influenciar o mundo.
No fundo, a arte da liderança cruza-se com a arte da fala em público através daquilo a que podemos chamar comunicação estratégica. Em português corrente: pensa antes de falar, treina muito e sê tu mesmo.
Para que todo isto funcione há uma cola ou teste do algodão para testar se a coisas funciona.
É a empatia. Não conheço nenhum bom líder moderno que não seja empático. E aceito ser contrariado nesta minha visão. É que é muito difícil comunicar sem gerar um sentimento de empatia. Ainda por cima é uma estrada de dois sentidos: boa comunicação pressupõe que o emissor tenha bons sentimentos pela audiência e vice-versa-
Lembrem-se: comunicação é uma relação, não um tubo a despejar palavras, ideias ou ordens.
Além de empatia, há que simplificar. Mais uma tensão para gerir: como ser simples sem perder a relevância da mensagem.
Para se conseguir isso é preciso uma preparação extrema.
Treinar, treinar, treinar.
Claro que um bom baú de grandes histórias ajuda.
E um líder com personalidade carismática faz milagres.
Mas isso é mais do que comunicação. O carisma, o verdadeiro carisma, não se compra, afina-se, mas não se treina. Talvez seja por isso que os grandes líderes são raros.
E os bons líderes com grande capacidade de comunicação são ainda mais raros.
A forma e o conteúdo.
Já agora a mensagem e a audiência.
É nesta a quadratura mágica onde a liderança e comunicação se encontrem.
Vale ser-se genuíno, pensar para que serve a comunicação e ter empatia pelo outro.
Tudo o que distrair da mensagem principal não ajudará ao objetivo final.
Em cada momento de comunicação há que responder a três premissas..
Emplica-me o porquê para eu entender as razões. Explica.me o para quê para eu saber o que muda para mim. E, principalmente, pensa sempre em como me sentirei quando me disseres algo.
TÓPICOS DA CONVERSA
A Empatia como Pilar da Comunicação
Pedro enfatiza que a empatia é a pedra angular de qualquer esforço comunicacional eficaz. Ele revela que um líder só se torna verdadeiramente inspirador quando compreende as necessidades e expectativas do seu público. “Colocar-se no lugar do outro” é um exercício essencial, mas nem sempre natural, especialmente em áreas técnicas ou políticas, onde a desconexão com o quotidiano das pessoas pode comprometer a credibilidade.
Simplificar sem Perder a Essência
Outro ponto fundamental da conversa é o equilíbrio entre simplificar a mensagem e manter o conteúdo relevante. Pedro utiliza um exemplo prático: explicar conceitos complexos como se fosse para uma criança de quatro anos, não no sentido de trivializar, mas de garantir que a mensagem é compreendida por todos, independentemente do seu nível de conhecimento. Essa habilidade, segundo o especialista, é crucial em setores como a saúde, onde decisões rápidas podem salvar vidas.
A Comunicação Não Admite Improvisos
Pedro desmonta o mito do improviso na comunicação, explicando que, mesmo os discursos aparentemente mais espontâneos, são fruto de uma preparação exaustiva. Desde entrevistas televisivas até conferências de imprensa em momentos de crise, a preparação é indispensável. Ele destaca que instituições bem-sucedidas mantêm mensagens e planos de comunicação prontos para cenários críticos, como acidentes aéreos ou atentados terroristas.
Histórias Autênticas Fazem a Diferença
O storytelling é outro ponto central da conversa. Pedro explica que uma história verdadeira, vivida e contada com emoção, é mais poderosa do que qualquer narrativa fabricada. Ele sugere que líderes construam um “baú de histórias” que reflitam os seus valores e experiências, e que possam ser usadas estrategicamente para criar conexões emocionais com o público.
A Imagem Conta, mas Não Deve Distrair
A discussão também aborda a importância da aparência e do contexto. Um acessório mal escolhido ou uma roupa inadequada pode desviar a atenção da mensagem principal, alerta Pedro. Ele cita exemplos de como a simplicidade e a sobriedade devem ser priorizadas para reforçar a credibilidade do orador.
Gestão de Crises e Media Training
Pedro defende que a preparação para crises deve ser encarada como um investimento e não como um custo. Ele sublinha a importância de media training para líderes e porta-vozes, apontando que, em países como Portugal, essa prática ainda é negligenciada, mesmo ao mais alto nível governamental. Sem formação adequada, os riscos de gafes comunicacionais e danos à reputação aumentam exponencialmente.
Sobre o convidado Pedro Coelho dos Santos
Mestre em Guerra da Informação/Competitive Intelligence, pela Academia Militar. Licenciado em Ciências da Comunicação, com especialização em Jornalismo.
Ao longo da sua carreira profissional tem-se especializado em Assessoria Mediática, Gestão de Crise Mediática e Public Affairs. É também formador em Media Training.
Nos últimos anos tem também desempenhado uma intensa atividade profissional como consultor de comunicação. Nesse âmbito, tem colaborado com diversas Instituições, com especial destaque para as áreas da saúde, gestão autárquica, indústria farmacêutica, banca e setor associativo.
Anteriormente, desempenhou o cargo de Adjunto para a comunicação social da Ministra da Saúde do XIV Governo Constitucional e de Diretor de Comunicação em diversas instituições de referência no setor da saúde: INEM, Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. No passado desempenhou também os cargos de adjunto parlamentar na Assembleia da República e Chefe do Gabinete num partido político.
Enquanto jornalista, trabalhou no jornal diário “Público”, no jornal semanário “Euronotícias” e na revista semanal “FOCUS”, sempre na área do jornalismo económico. Considera que estas experiências profissionais no jornalismo foram de grande importância para as funções que mais tarde veio a desenvolver na sua carreira profissional.
No campo académico, tem colaborado com várias instituições de ensino superior, lecionando em Licenciaturas, Mestrados e Pós-graduações. O contacto regular com o mundo académico é uma das formas que encontra para se manter atualizado com o estado da arte e manter o contacto com diferentes gerações de comunicadores.
Foi Vereador (sem pelouros) na Câmara Municipal de Sobral de Monte Agraço, pequeno concelho da região Oeste onde reside. É aí que procura a tranquilidade necessária para contrabalançar a sua intensa atividade profissional e que tem os seus cães e gatos, pois é um confesso admirador destes animais de companhia.
LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIOJORGE CORREIA Viva Pedro Coelho dos Santos Mestre em guerra de informação. Quando li esta frase disse Eu só posso começar por aqui pela Academia Militar, portanto estás no final dos tempos. És um licenciado em Ciências da Comunicação, és um especialista e a coisa mais interessante que nós conhecemos há muito tempo é treinar líderes, alguns com grande jeito para comunicação e outros com grande jeito, apenas para a liderança. Como é que é? O que é que. Como é que tu definiria se um bom comunicador ou um extraordinário comunicador?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:04:57 Olá, Jorge! Um extraordinário comunicador é aquele que consegue influenciar através da comunicação, fazer com que os outros tomem decisões que são favoráveis aos nossos interesses.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:05:10 E começaste aí pela guerra da informação e guerra da informação também é um pouco isso. É conseguirmos moldar todo o cenário que está à nossa volta para que as decisões que são tomadas nos sejam favoráveis.
JORGE CORREIA 00:05:21 Portanto, não é um mero ato de entretenimento, não é apenas uma coisa divertida, é uma coisa que tu fazes com um propósito.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:05:28 Exactamente, que é influenciar os outros. Ok. E quando falamos em influenciar.
JORGE CORREIA 00:05:33 É só sinistro?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:05:34 Sim, pode soar a sinistro, mas pode ser usado para o bem também, não é? Por exemplo, numa área que também te é muito cara, na saúde, podemos influenciar os outros a terem cuidado com consigo próprios, evitarem certas doenças, a tratar doenças, no fundo, a tomarem as melhores opções para a sua saúde. Claro que isto também é válido para eleger um presidente da República, para vender um sabonete. Para fazer muita coisa, não é? Mas é sobretudo isso. É a capacidade que temos de influenciar aqueles que estão à nossa volta.
JORGE CORREIA 00:06:06 Então, em princípio, para que essa comunicação se torne eficiente e que de alguma maneira se aproxime daquilo que tu estás a definir como o ato de influenciar os outros a um determinado comportamento.
JORGE CORREIA 00:06:20 Isso implica pensar antes e fazer depois.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:06:24 Claro que sim. Pensar e preparar a mensagem é fundamental. Nós não podemos fiar nos nos belos olhos do comunicador, não é? Ele, de facto, tem que ter alguma mensagem apelativa. E a melhor mensagem é aquela que foi preparada até até à exaustão. Nós vemos às vezes na televisão uns políticos a falar, outras ou outras pessoas e dizemos ai que belo improviso que fez ali um belo discurso. Bem, eu por norma digo que mesmo esses improvisos foram preparados ao milímetro, não é? De facto, na comunicação não há grande espaço para o improviso e a preparação significa que nós de antemão fomos pensar o que é que queremos dizer ao outro. Eu sei como é que.
JORGE CORREIA 00:07:07 Isso depois se confronta com a ideia do genuíno. Porque eu quando estou a ver alguém a comunicar bem e eu posso dizer Uau, bela comunicação! Olha, isto está a funcionar. Mas também quando me parece que aquilo é demasiado demasiado a cozinha de microondas, digo epá, se calhar está, mas se for falso, como é que conjuga se esse autêntico, com com esse, com esse brilho e com esse pensamento da mensagem que vai no fundo, tocar o outro e influenciar o outro a fazer o que quer que seja.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:07:40 Repara, repara que quando digo preparar a mensagem, não, não, não quer dizer que isso anula a autenticidade do comunicador. Nós podemos ser autênticos na mesma quando levamos a nossa cassete preparada, que é uma expressão que eu uso muito e acredito que o nosso auditório ainda sabe o que é que são as cassetes, não é? Mas tu podes. O comunicador pode ter a sua cassete preparada, podes saber o que é que quer dizer naquele momento e ser genuíno na mesma, pela empatia que cria, pelos gestos que usa, pela forma como encara a audiência. A preparação da mensagem não significa que te vais tornar um comunicador plástico, não significa que tu vais enganar aquela oportunidade que tens para comunicar. E pode ser uma entrevista na televisão, na rádio. Pode ser uma conversa como esta que estamos a ter um podcast, pode ser uma entrevista escrita para a imprensa. Vais encarar aquele momento como uma oportunidade única para passar a tua mensagem e com isso influenciar? E lá está este. Esse cuidado na preparação não significa que depois percas a autenticidade enquanto personagem, se assim quiser.
JORGE CORREIA 00:08:46 Portanto, dá te uma base para depois poderes brilhar sobre ela. Se eu pudesse escolher uma habilidade comunicativa para para um líder, para alguém que tem que ter essas características, qual é que seria? O que é que tu, no teu buquê imenso das coisas, assim o caiu? Agora tenho aqui. Vou criar aqui este líder. Vou pensar aqui neste líder. Que característica é que tu gostavas de trabalhar? Desde logo o ver.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:09:11 É uma pergunta muito interessante. Eu creio que é a empatia fundamental tu seres capaz de criar essa relação com quem te está a ouvir. Como é que a gente faz isso? Olha, em primeiro lugar, com sinceridade. E mais uma vez, isso não é incompatível com a questão da preparação da mensagem. Eu vou te dar um exemplo que talvez creio que que seja, que seja útil. Eu já tenho uma vida profissional interessante, com vários percursos e numa instituição que trabalhei e vou dizer qual é o Instituto Nacional de Emergência Médica, somos muitas vezes confrontados com situações limite, não é? E com falhas da instituição.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:09:46 Claro que quando tu trabalhas numa padaria se comete um erro quem mais terá baguette? Mas em emergência médica se comete um erro, isso pode ter consequências. Pode custar a vida de alguém. No limite, não é?
JORGE CORREIA 00:09:56 E até porque o INEM, lá está, está sempre no limite. Nós estamos sempre na expectativa, enquanto cidadãos, de que a ambulância do INEM vai chegar rápido. Que rápido que e que salve uma pessoa muito querida Para nós precisamente isso.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:10:12 Por vezes as falhas acontecem como.
JORGE CORREIA 00:10:14 É a expectativa e altíssima.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:10:15 Expectativa altíssima. Mas repara também uma coisa uma instituição que tem vários milhares de situações para atender todos os dias. Do ponto de vista estatístico, é expectável que 0,1% que correu menos bem, só que a 0,1% vai significar que alguém foi prejudicado, não é? É como eu dizia no limite, pode perder se uma vida. E eu estava a explicar te que por vezes somos confrontados com falhas da instituição e diz me a experiência que resulta sempre melhor quando se assume a falha e se explica Ao público, que também somos humanos e que a coisa não correu bem e pedimos desculpa por isso.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:10:50 E essa empatia de nós conseguirmos colocar nos no lugar do outro e percebermos que que temos que ter uma mensagem que vá ao encontro dessa expectativa e que seja conciliadora e ao mesmo tempo, que procure atenuar aquele momento difícil que quem é prejudicado está a passar. Eu penso que é fundamental, portanto, essa empatia no fundo, e também a capacidade de nós conseguirmos colocar nos no lugar do outro. Isso é algo que falha muitas das vezes. Vou dar também um exemplo a política não é uma área em que eu também já trabalhei amiúde aqui e ali. Gosto muito de ir ver como é que as coisas estão e depois voltar à minha, à vida real, à vida real. Mas uma vez lembro me de uma discussão com alguém com quem eu trabalhava, que vivia na bolha da política há muito tempo. Comentei Olha, muito bonito isso que estás a dizer. Mas diz me lá uma coisa quanto é que custa um pacote de leite no supermercado? Ui, Pedro, que disparate! Lá estás tu com os teus exemplos.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:11:46 Mas esta capacidade de te colocar tudo, colocares no lugar do outro que passa às vezes por estas pequenas coisas, não é de todo teres a noção do que é que é o dia a dia das pessoas e isso muitas das vezes falha na política, porque as pessoas estão na sua bolha, não sabem o que é que é o dia a dia do cidadão normal é não conseguem criar essa empatia, não conseguem colocar se no lugar do outro, estão.
JORGE CORREIA 00:12:07 Distantes, no fundo.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:12:08 Estão completamente distantes e, portanto, isso prejudica depois também a comunicação, porque, lá está, a mensagem pode estar muito bem preparada, mas há ali qualquer coisa que falha, sabes? E é essa empatia, porque efetivamente, tu nunca estiveste no lugar do outro. Não sabes quais são as dificuldades da pessoa no dia a dia. Isso aí não há. Não há boa comunicação nem preparação da mensagem que ultrapasse essa, essa pequena grande barreira.
JORGE CORREIA 00:12:32 Há uma questão além de empatia, que é a questão da linguagem porque tu estás a falar para os outros, os outros que estão por um lado, fora do teu universo e, portanto, há aqui uma uma questão que tem a ver com a aproximação.
JORGE CORREIA 00:12:47 Como é que tu fazes para para os ajudar, para ajudar estas pessoas a modelar ou adaptar a linguagem ao nível do conhecimento da audiência? Por exemplo, naquelas coisas que são muito complicadas de explicar, a área da saúde é um bom exemplo. A área de engenharia, enfim, todas as áreas que são complexas per si. Como é que se pode adaptar essa linguagem? Como é que o suprassumo desce do seu altar para se aproximar a nós, comuns dos mortais?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:13:15 Sim, no treino que se faz aos líderes, querem ser bons comunicadores. Eu costumo dar um conselho que há que simplificar a mensagem. Atenção que eu quando digo simplificar, não digo abandalhar. Simplificar no sentido que as pessoas nos percebam.
JORGE CORREIA 00:13:29 Onde é que está o limite? Como é que se faz isso?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:13:31 O limite. Olha, eu costumo dar um exemplo meio de brincadeira, que é expliquem me lá isso como se eu tivesse quatro anos. Não é? No sentido de que quando explicamos às crianças, nós tentamos de facto usar uma linguagem simples que elas e elas entendam, não é? E, portanto, se a criança de quatro anos conseguiu perceber o que é que nós fazemos, por exemplo, explica lá o que é que tu fazes, o que é que o que é que é o teu trabalho, não é? O que é isso de influenciar e de comunicar? E quando tens que simplificar a mensagem de forma a que uma criança de quatro anos, o exemplo que eu dei, ou alguém que não tem o teu nível de diferenciação, perceba a coisa funciona bem para qualquer tipo de auditório.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:14:13 Obviamente que as sessões se tiveres num congresso, num encontro de malta da tua tribo, da tua tribo.
JORGE CORREIA 00:14:19 E isso é curioso, porque quando, quando eu quero imaginar que quando tu tens essa conversa com um super especialistas, com super craques de determinada matéria e lhe explicas isto, lá está ao café ou num almoço que provavelmente a pessoa intuitivamente percebe que isso é verdade. Mas depois ou diacho, eu vou ao telejornal. Estão ali 2 milhões de pessoas. Estão ali os meus pares do outro lado a ouvir e a tentação de pôr a cassete e de dizer eu agora vou aqui brilhar a grande altura e a comunicação fica um bocadinho para depois.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:14:50 Esse é um grande problema porque efetivamente as pessoas tendem a falar para os seus pares, não é? Mas deste um bom exemplo uma entrevista em televisão que vai chegar a uns umas largas milhares de centenas de pessoas. Não estás a falar para os teus pais, Estás a falar para uma massa que é muito difícil de caracterizar, não é? Porque nessa nessa audiência estão os teus pares, Está, está a senhora que te limpa o escritório de manhã Não está o senhor que te faz a refeição que tu comes à hora do almoço Está os teus, os professores dos teus filhos.
JORGE CORREIA 00:15:22 Está lá tudo. E a questão é que alguns desses têm o nosso telemóvel, alguns.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:15:26 Desse nosso telemóvel também e depois quando nos dão o feedback até são normalmente implacáveis, mas mesmo assim estão lá todos. E como é que se fala para toda a gente? Simplificando e E tentando resistir a essa tentação de trazer para ali toda a nossa eloquência e a nossa sapiência sobre um determinado.
JORGE CORREIA 00:15:45 Assunto, sobre o ego, O que é que fazemos ao ego?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:15:47 O ego.
JORGE CORREIA 00:15:49 Eu vou à televisão, eu vou à rádio, à telefonia. Sou maravilhoso, vaporoso. Consigo falar com eloquência de temas. Adoro ouvir me.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:15:58 Certo, tu já me conheces há uns anos e sabes que eu às vezes sou um bocado implacável, um bocado duro com os comentários que faço, não é? Mas o ego é importante, mas o ego só sai fortalecido se tu, além de apareceres bonitinho e com bom aspeto, vá, tomaste um bom banho, puseste uns cremes, puseste eventualmente uma gravatinha, estás todo pimpão, mas depois não tens uma mensagem, não dizes nada interessante, não tens uma boa história para contar.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:16:26 É vazio e vazio, não é? Portanto, o ego com uma boa história e com uma boa mensagem, o ego voa.
JORGE CORREIA 00:16:32 Olha a história. Hoje em dia toda a gente está na moda falar dá Falar da história da Disney, quase da do storytelling. Agora as palavras em inglês atropelaram nos a nossa língua, mas a arte de contar histórias. Todos gostamos de contar histórias. Mas alguns comentadores, Alguns. Algumas pessoas que têm essa vontade de aparecer no espaço público e no espaço mediático. A quem lhe dizem Tu tens que contar uma boa história, decidem inventar uma bela história plástica, uma história postiça e essas definitivamente não colam.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:17:09 Estás a falar do que há de trabalhar no McDonald’s.
JORGE CORREIA 00:17:13 Inventar uma história ou tentar encontrar? Eu agora quero falar sobre isto, então vou aqui inventar uma história que não vivi, que até pode ser verdadeira, que não estive lá, que não a senti.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:17:24 Há sempre o problema também do fact checking, não é? Se se a história for for checada, se vai ou não sobreviver a uma boa história.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:17:33 Para já tem que ter acontecido mesmo, não é? Portanto, sem isso, a história não é história, mas não.
JORGE CORREIA 00:17:38 Passa pelo crivo da autenticidade. Se não o viveste?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:17:41 Creio que não. Isso transparece na depois, na comunicação. A paixão com que tu falas de um assunto, não e de um assunto que viveste. Uma história que passaste não é a mesma de uma história que foi inventada só porque fica bem no teu livro, na tua biografia ou na forma como queres apresentar aos outros as boas histórias. Tem emoção, não é emoção. Passa muito por efetivamente tê la, tê la vivido.
JORGE CORREIA 00:18:06 Então o que tu aconselhas? Que cada um de nós tenha um baú com histórias verdadeiras para poder, em determinados momentos, que elas possam fazer sentido naquele naquele contexto?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:18:16 Da mesma forma que trabalhamos a mensagem, nós temos também que trabalhar a história quando queremos contar, não é? E todos nós temos todas as histórias. As pessoas com quem o trabalho tem as suas histórias podem por vezes não ter, não ter noção da importância que é contar uma boa história e até para se apresentarem enquanto enquanto líderes.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:18:37 Mas todos nós temos histórias. E aqui entra também a ajuda dos profissionais de comunicação e assim dizer, porque vão.
JORGE CORREIA 00:18:45 Muito, vão muito para para lá, está para a tecnocracia das coisas, para para contar a decisão, para contar à maneira a racionalidade do processo e se esquecem do mundo real, lá está, daquilo que viveram.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:18:56 E se esquecem também, talvez de algo ainda mais básico. Repara, nós trabalhamos em comunicação há muitos anos, não é? Nem vamos dizer aqui a quantos nos conhecemos. Ficaria mal, mas, portanto, é o nosso métier, a nossa área. Nós temos a noção da importância destas coisas e até gostamos, vibramos com elas. Não é? Para quem é de outras áreas, sobretudo das mais técnicas. A comunicação ainda é vista muitas vezes como uma área que, eventualmente dispensável, é um acto utilitário.
JORGE CORREIA 00:19:25 No fundo.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:19:26 É um ato utilitário, mas sobre o qual as pessoas nem muitas vezes reflectiram. Portanto, se eu disser a alguém temos que ter uma boa história para a tua pessoa.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:19:34 Provavelmente é a primeira vez que vais estar a ouvir que alguém lhe diz aquilo.
JORGE CORREIA 00:19:37 Mas nós intuitivamente sabemos isso. Quer dizer, quando nós estamos numa numa roda de amigos, as histórias que mais pipocas e elas saltam naturalmente, nós nos rimos, nós contamos a história. E todavia, quando entramos nesse quadro de agora, vais falar num palco, agora vais falar numa num sítio público. Há uma espécie de parece que nós bloqueamos, Parece que nós emagrecemos no pior sentido.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:20:05 É uma reacção fisiológica. Mas não entremos por aí mesmo nesse encontro de amigos. Não é à mesa de jantar que tu estavas a contar. Há sempre aquele aquele que está caladinho, não é que tem alguma resistência, alguma dificuldade em partilhar as suas próprias.
JORGE CORREIA 00:20:18 E também tem histórias.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:20:19 Também tem histórias. E é nesses casos que se pode fazer muita diferença, preparando uma boa história para aquela, para aquela pessoa. E a boa história é aquela que tem emoção, que é obviamente verdadeira e que é que leva os outros a querer saber mais sobre este tipo?
JORGE CORREIA 00:20:35 Olha, nós na nossa vida, quando encontramos alguém, quando vemos alguém na televisão, quando vemos alguém até fazendo uma coisa qualquer nas redes sociais, muito rapidamente lhe tiramos a pinta.
JORGE CORREIA 00:20:48 E essa primeira impressão conta.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:20:51 Claro que sim. Há diversos estudos sobre isso. Não vou agora entrar aqui numa espécie de aula, mas sim, há vários estudos que demonstram que em poucos segundos o teu público, só com base no teu aspeto, na maneira como te apresentaste, vai dar te credibilidade ou não? E isso é também credibilidade.
JORGE CORREIA 00:21:08 Sim, credibilidade. Acredito em ti. Não acredito em.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:21:10 Ti. É credível, Não é credível. Quero continuar a ouvi lo. Não quero. E só com base na imagem, repara que nós podemos ainda nem ter aberto a boca e dito nada. E já fizeram esse julgamento sobre sobre nós.
JORGE CORREIA 00:21:21 Então isso levanta um problema que é vários, vários, vários que é. Então é essa primeira impressão tendo esse carimbo tão. um tão definitivo no fundo. Gosta, Pinta, Olha. É simpático? Olha, não é simpático. Olha, não apetece ouvir te. É imutável, isto é. É uma espécie de cadastro que ficará para sempre nas próximas palavras que tu disseres.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:21:46 Felizmente que não. Essas coisas podem ser depois também trabalhadas idealmente. E se tu fores, se és um Hanabi, por exemplo, da política, queres ter a tua carreira? As primeiras impressões vão ser importantes e têm que ser trabalhadas, mas é possível mudar perceções. E nós temos alguns exemplos na nossa praça em que isso aconteceu. Mas é sobretudo preciso muito cuidado em previamente decidirmos também como é que queremos ser percepcionados. Como é que é isso. Há pouco falámos de líderes, não é? E, portanto, nós, quando pensamos num líder, criamos uma ideia sobre o que é um líder, o que é.
JORGE CORREIA 00:22:30 Um líder exatamente? Vamos começar por aqui. O que é que é um líder?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:22:33 Alguém, Um líder é alguém que inspira confiança e que consegue mobilizar os outros para algo e levá los à ação. Olha, venham comigo para a guerra, Votem em mim, Ouçam o meu podcast. É alguém.
JORGE CORREIA 00:22:45 Que nos atrai.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:22:46 É alguém que nos atrai, É alguém que nós temos vontade de acompanhar, É o líder.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:22:51 Tem que ser um líder. Já falámos há pouco sobre isso. Empático tem que ser inspirador, tem que ser um bom comunicador. Eu não me lembro de conhecer nenhum líder que não seja um bom, um bom comunicador. Portanto, esse é o líder. E nós temos mais ou menos uma ideia do dia. Nós estamos à espera de encontrar alguém que fala baixinho, correto?
JORGE CORREIA 00:23:09 Ou que olhe assim para baixo, para o papel, como.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:23:12 Desculpa, fazer uma intervenção. E não largou o púlpito, não largou o olhar, não tirou o olhar do púlpito. Uma única não nos.
JORGE CORREIA 00:23:19 Olhou nos olhos.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:23:20 Exatamente. Nós temos essa ideia. O líder é alguém que nos, que nos nos abraça com o olhar, que tem um sorriso que tem, que tem até uma presença na na sala, na mesa de reuniões.
JORGE CORREIA 00:23:33 É aquele que entra na sala e que é que nós que enche a sala de luz no fundo de nós. É como uma espécie de magnetismo sem magnetismo.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:23:41 Exatamente alguém que que nos atrai, não é? É, portanto, um líder.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:23:47 Com este texto criaste esta ideia do líder e depois te aparece alguém que te é apresentado como líder e não corresponde a nada disto que nós tivemos a falar.
JORGE CORREIA 00:23:56 Lá se foi a expectativa.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:23:57 Qualquer coisa que não correu bem, não é? E portanto, se calhar é o chefe, não é o líder, mas mas sim os líderes. Tem um magnetismo. Sabes que eu trabalhei ao longo da minha vida com com muitos líderes e é uma característica que eu considero muito interessante. Há aqueles que valorizam a comunicação e que percebem a importância da comunicação até para as suas carreiras e para atingirem os seus objetivos enquanto líder e aqueles que consideram que não, a comunicação não é nada importante. Eu tive um líder, um presidente de uma instituição com quem trabalhei, que a certa altura me disse o que e eu responder ao Correio da Manhã. Que horror! Eu até acho que eles não deviam existir e, portanto, não trabalharmos juntos muito tempo. E eu também não lhe vaticino uma grande carreira. E assim aconteceu, de facto.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:24:43 Mas para te dizer que os das pessoas com quem trabalhei os. Os líderes que valorizam a comunicação conseguem sempre melhores resultados. E eu acho que isso não acontece por pura coincidência, não é? Efectivamente, a comunicação é importante para que eles, enquanto líderes, consigam influenciar os outros e para que consigam atingir os objectivos da instituição ou pessoais que a que se propuseram. Portanto, não acho. Eu acho que não é mesmo coincidência e a comunicação desempenha aí um papel muito, muito importante.
JORGE CORREIA 00:25:14 E como é que tu lidas com. Com um cliente mais birrento?
Speaker 4 00:25:20 Isso é humano. É uma coisa muito difícil.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:25:23 Porque a De comunicação, toda a gente percebe um pouco.
JORGE CORREIA 00:25:27 Esse é o ponto, não é?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:25:28 Esse é o ponto.
JORGE CORREIA 00:25:28 Às tantas são treinadores de eu como sei de tudo, também sei de de de comunicação e portanto, no fundo o Pedro da Meio faz me umas mensagens que o que eu vou agora fazer aqui? Uma coisa.
Speaker 4 00:25:42 Brilhante. Às vezes é um pouco mais.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:25:43 Complicado que isso. Jorge, quando tu estás na reunião com o cliente e ele te diz eu acho que eu tenho lá em casa, olha, o meu filho também faz uns vídeos e umas coisas para as redes sociais.
JORGE CORREIA 00:25:53 E arriscamos.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:25:54 Isto exactamente e um pouquinho mais do que isso. Como é que se lida com isto? Com alguma paciência. O problema é que eu não tenho muita, porque pronto. Felizmente por vezes podes recusar clientes e já aconteceu. Pessoas com quem eu também não me identifico e não vejo um bom propósito na causa, não me mobiliza também para aplicar aquilo que eu sei ao serviço desse desse projecto.
JORGE CORREIA 00:26:20 Tem que haver uma química também para tu poderes ajudar estas pessoas.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:26:23 Sim, tem que haver uma química, mas tem que haver sobretudo aqui uma questão também de de humildade. E o que é que eu quero dizer com isto? Quando não percebes algum assunto, vais à procura do especialista, não é? Doutor, dói me a barriga. O que é que se passa comigo, não é? Colocamo nos nas mãos daquele especialista e a humildade no sentido de perceberes que tu há uma área que não dominas, que é a comunicação. Tens que dominar. Não é a tua área nativa, não é? E portanto vens pedir a ajuda de um especialista, de um consultor e portanto, convém, já agora, que ouças o que tem para dizer e que siga o que siga os teus conselhos.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:27:00 Há uma história que eu gostava de te contar e que para mim revela de facto, a capacidade do gestor. A certa altura, uma instituição com a qual eu colaborava em pleno conflito, tem uma crise brutal e eu penso que posso contar a história porque não há aqui nenhuma questão de confidencialidade. É pública a história. Sim, o Hospital Fernanda Fonseca não é num determinado dia em que havia muitos doentes graves e os doentes com que precisavam de tratamento com oxigénio de alto débito. Portanto, com muitos doentes, numa daquelas fases de pico em que estão 400 doentes a fazer oxigenoterapia. E houve um problema no sistema de fornecimento de oxigénio, portanto na pressão.
JORGE CORREIA 00:27:40 Portanto, uma crise real.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:27:42 Uma crise real que acontece de forma inesperada, como todas as crises. Eu depois posso te contar mais pormenores, mas a certa altura somos chamados de emergência para ajudar, porque a crise ali não tem só os doentes a quem tens que resolver o problema e encaminhar para os outros hospitais garantir que têm oxigénio, porque senão sem oxigénio morrem, não é? Portanto, além de resolver o problema, tens depois aqui a crise mediática que é explicada, neste caso com uma manchete de um do Expresso Online.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:28:09 E a seguir tens as televisões, tens as rádios, tens uma avalanche de jornalistas à porta e é preciso também resolver a crise mediática.
JORGE CORREIA 00:28:15 E aqui dois planos. Uma coisa é o problema em si mesmo. E aí a gente espera que os engenheiros que percebam de oxigênio e afins resolvam o problema dos tubos, porcas e parafusos.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:28:26 O problema mediático é o.
JORGE CORREIA 00:28:27 Problema mediático, que é o problema da percepção do que é que nos está a.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:28:30 Acontecer. Não é o problema também que isso impacta depois na reputação da instituição, mas no problema mediático. Voltando um pouquinho atrás, portanto, nós e a equipa que trabalhava comigo somos chamados para tentar ajudar e resolver na questão mediática. E eu lembro perfeitamente. Fazíamos ali uma reunião, dois ou três minutos. E eu digo para o presidente do Conselho Prestação, um dos melhores gestores com quem eu trabalhei até hoje, o Dr. Marco Ferreira. E digo lhe assim olhe nós agora para resolver o problema mediático temos que fazer isto. Dito isto, isto é, meu caro, eu não tenho tempo para lhe explicar agora o porquê e a resposta dele.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:29:06 Muito bem, vocês é que são os especialistas. Eu sigo os vossos conselhos. Façam aquilo que tiverem que fazer. O que lhe correu menos bem. Eu estou cá para assumir as responsabilidades, mas façam aquilo que entendem que têm que fazer neste momento. Mas isso é errado para mim. Isto é muito raro, mas é o bom exemplo de que do que um líder que tem uma equipa de consultores de uma determinada área deve fazer neste momento, portanto, aquilo que falavas de seguir ou não os conselhos, sendo.
JORGE CORREIA 00:29:31 Que uma crise, até pela sua dificuldade e imagino que essa em particular e toca à área da saúde, a probabilidade de que as coisas não corram bem além do evento inicial são são reais elas. É muito complexo fazer isto. E como é que se dão mais notícias?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:29:54 Aliás, mais notícias dão. Dão se dando a cara e dando as más notícias olhos nos olhos. Não há outra forma de dar uma má notícia. Não adianta. Procurá lo, Procurar fazer sem, sem que dês a cara às instituições.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:30:11 Sobretudo isso é uma crítica que eu faço frequentemente quando há que dar uma má notícia. Escudam se atrás de um papel.
JORGE CORREIA 00:30:17 De um comunicado de imprensa que normalmente é vago exatamente.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:30:20 De umas linhas. E isso não pode acontecer numa situação difícil. Alguém tem que dar a cara pela instituição e até suposto que seja o líder, porque também aí se vê efetivamente um bom líder.
JORGE CORREIA 00:30:32 E se o líder não tiver jeitinho nenhum para comunicar?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:30:34 Se o líder não tiver jeitinho nenhum para comunicar o que acontece, convém que já tenha sido preparado previamente para que isso? Para que isso aconteça?
JORGE CORREIA 00:30:42 Acontecia habitualmente antes. Infelizmente, acho que agora um pouco menos que. E as instituições tinham porta vozes, Sim, treinados, profissionais ou não. Ou não. Eu penso sempre no exemplo da CP.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:30:58 Fazia escola, claro, fazia escola.
JORGE CORREIA 00:30:59 Não é que era um homem da CP que, acontecesse o que acontecesse às 08h00, na telefonia, ele aparecia sempre a dizer o que é que tinha acontecido, a dar informações relevantes e a dar a cara.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:31:16 Sim, tu tens toda a razão. A figura do porta voz caiu um pouquinho em desuso, não é? Mas ela é fundamental por tudo aquilo que temos vindo a falar agora. Porque é preciso dar a cara, porque é preciso. Elemento humano, não é? É a figura do porta voz. Infelizmente desapareceu. Mas mesmo os porta vozes têm de ser preparados previamente, não é? E mesmo a má notícia também pode ser treinada, pode ser simulada. E tudo isso é um trabalho prévio de preparação na área da comunicação, que, infelizmente, as instituições e os líderes desvalorizam muito em alguns países. Vou dar um exemplo é impensável que tu chegues a determinado cargo no setor privado ou no público, sem teres feito em media training pelo caminho. Os media training, para quem não sabe, é no fundo, treinares. Como é que se lida com jornalistas? Como é que num ambiente.
JORGE CORREIA 00:32:08 Controlado.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:32:08 Num ambiente controlado, como é que prepara? Como é que formata a tua mensagem e como é que consegues que ela seja passada de forma eficaz ao público através obviamente dos media.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:32:19 E em alguns países, como eu dizia, é absolutamente impensável que chegues a um determinado cargo e às vezes estamos a falar de gestão intermédia sem ter feito um media training. Porquê? Porque a qualquer momento o pode ser o porta voz da instituição. Podes ter que dar a cara pela instituição. Cá em Portugal, quantos e quantos e quantos ministros chegam ao cargo sem nunca ter feito um media training? Olha, eu trabalhei com uma ministra, por exemplo, fui adjunto para a comunicação social de uma ministra da Saúde que nunca tinha feito um media training, nem fez.
JORGE CORREIA 00:32:46 E treinou no Real.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:32:48 Aprendi precisamente no real. Nós temos agora, no actual governo, alguns bons exemplos a agir, porque nós estamos com poucos meses de governo e olhamos para o elenco governativo e já percebemos quem é que são os pontos fracos do ponto de vista comunicacional.
JORGE CORREIA 00:33:03 Uns muito bons, muito profissionais, muito assertivos, muito. E há outros e outros claramente.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:33:10 Fracos que eu não vou aqui e.
JORGE CORREIA 00:33:11 Que precisavam de.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:33:12 Treino, precisavam de treino e, portanto, é absolutamente.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:33:16 Estranho que se chegue a este nível de relevância e de responsabilidade, sem nunca ter treinado, sem nunca ter sequer reflectido ou preparado estas questões, porque não é valorizado, não é valorizado e visto normalmente como um custo e não como um investimento. Não temos essa tradição ainda no nosso país. Estamos muito longe da realidade de outros países, mas repara como ao mais alto nível, neste caso o Governo da República. Há aqui um aprender no caminho, como tu estavas a dizer. Só que entretanto, quando não se tem jeitinho para a coisa, já foste trucidado, já que já não tens o já. Já cometeste várias gafes comunicacionais, já criaste ruído nas entrevistas e nas aparições públicas que tiveste. Isso aí, normalmente depois é muito difícil de recuperar e muito curioso.
JORGE CORREIA 00:34:06 Nós estamos a falar do do topo da cadeia, da liderança do país. Mas se eu pensar numa cidade, numa aldeia ou numa vila. As instituições e as organizações, a Junta de Freguesia, quase a paróquia, parece que não tem esse sentido de serviço público, de dizer o que é que andam a fazer e para que é que andam a fazer e a intervir no espaço de comunicação.
JORGE CORREIA 00:34:32 Ou o fazem porque acham que há aqui uma coisa que vai ficar bem na fotografia para o presidente da Junta ser eleito. Mas quando alguma coisa, quando o cano da água ficou roto, há uma clara, uma vontade de resolver o problema, mas, mas não de se aproximar as pessoas e de dizer olha, isto está a acontecer e a gente está a tentar resolver isto.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:34:53 Isso, esse problema é muito mais transversal do que as juntas de freguesia ou as câmaras municipais e tudo. Infelizmente, no nosso país, a comunicação institucional ainda não foi percecionada como sendo absolutamente decisiva para que a instituição, seja ela qual for, pública, privada, etc, consiga melhorar a forma como é percecionada pelo público e como pode fazer da comunicação um instrumento para obter melhores resultados. Como é que.
JORGE CORREIA 00:35:22 É que que receita, que coisas é que tem.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:35:25 Que ter quando às vezes nem a grande empresa que fatura milhões por ano tem essa ideia, tem essa ideia e tem a sua comunicação cuidada e profissionalizada. Quanto mais a Junta de Freguesia, em que o Presidente nem sequer está a tempo inteiro e que tem lá uma funcionária para atendimento ao público e resume se a isso, não é? Portanto.
JORGE CORREIA 00:35:47 É curioso mas. Mas eu até nem estava a pensar não só na comunicação pública, mas todos sentimos a diferença que faz chegarmos a um gabinete administrativo qualquer e ver se somos recebidos com um sorriso, com um acolhimento, com uma palavra ou, pelo contrário, nos olham quase como um extraterrestre que acabou de chegar ali. Aquele serviço é que é aborrecido. Está aqui mais um, está aqui, mais uma pessoa para para nos moer a cabeça.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:36:12 Claro que fugimos um bocadinho da comunicação, estamos a falar mais no atendimento, mas.
JORGE CORREIA 00:36:16 A pensar na comunicação interpessoal.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:36:18 Claro, claro.
JORGE CORREIA 00:36:19 Como e como é importante.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:36:21 Também é importante a todos os níveis, como tu dizes, desde desde a pessoa que nos recebe ao balcão até à mensagem de Natal do CEO da empresa. Tudo, na realidade, tudo é comunicação. Eu costumo dizer isso até à forma como tu de manhã dizes bom dia à pessoa quando vais comprar o pão já é a comunicação e vais.
JORGE CORREIA 00:36:41 Deixar logo lá uma uma marca. Olha, os porta vozes muitas vezes têm que responder a perguntas difíceis ou polémicas como é que? Como é que se prepara? Como é que se preparam as pessoas para para esse, para essa parte que é a parte difícil da comunicação?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:36:56 Como contarem com o media training com informações específicas?
JORGE CORREIA 00:37:02 Fugindo às perguntas?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:37:03 Não, não é difícil fugir às perguntas, Porque se tu foges ostensivamente às perguntas, estás a criar ali uma barreira comunicacional junto do teu público.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:37:13 E a.
JORGE CORREIA 00:37:13 Mensagem não passa, as.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:37:14 Mensagens não passa. O segredo é responderes rapidamente a pergunta que te é feita e passar a tua cassete. Eu costumo dizer uma coisa que se calhar às vezes irrita alguns jornalistas, que é quando se treina porta vozes e líderes para comunicarem que as perguntas são importantes, mas não são relevantes. O que é que o que interessa mesmo é aquilo que tu queres responder?
JORGE CORREIA 00:37:39 Estás a comprar uma batalha gigante, Mas as coisas para os jornalistas as.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:37:43 Coisas são como são. Acho que já temos todos experiência suficiente, mas.
JORGE CORREIA 00:37:47 A pergunta está feita. Em princípio, a pergunta incorpora aquilo que é o interesse público ou a perceção que o jornalista tem daquele, daquele entendimento, daquela daquela história. Se te faz uma pergunta sobre um determinado tópico num determinado ângulo, em princípio essa pergunta faz sentido, claro.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:38:01 E há que responder lhe ao mesmo. Mas conseguires aqui um equilíbrio e conseguires pontuar essa resposta à pergunta com aquilo que é a tua mensagem?
JORGE CORREIA 00:38:09 Não faz sentido dizer assim Está me a perguntar sobre meteorologia, mas eu quero é falar das Bahamas ou da Praia ou dos Açores.
JORGE CORREIA 00:38:15 Faz sentido responder à pergunta em primeiro lugar e depois conseguir fazer uma.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:38:20 Pergunta e fazer aquilo que chamou bridging para aquilo que é a nossa mensagem, para aquilo que eu, neste momento, quer dizer àquele.
JORGE CORREIA 00:38:26 Público. O que é uma habilidade interessante e especial para se conseguir.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:38:30 Fazer isto é uma habilidade interessante, sabes? Mais uma história que eu vou contar agora. Quando estava à espera que me chamassem aqui para o estúdio para para vir gravar o podcast.
JORGE CORREIA 00:38:39 Colocadas as coisas assim, parece que um consultório dentista ali fora à espera.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:38:43 Na portaria do edifício, estava a televisão. Estava a passar, portanto, a emissão da RTP e estavam a fazer a cobertura de um problema que um incidente, uma emergência que houve hoje em Espanha, com o mau tempo. E lá estava o rei de Espanha a responder aos jornalistas. E foi muito curioso ver como de facto deve ter feito muitos media training ao longo da vida, porque ao mesmo tempo que respondia às questões dos jornalistas relacionadas, obviamente, com a tragédia, com o número de vítimas, o rei de Espanha falava também sobre a importância de colocar os meios necessários à disposição dos serviços de emergência, sobre a necessidade do público colaborar com os com os serviços de emergência também.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:39:23 Ou seja. Sim, respondeu, Mas ao mesmo tempo ele tinha uma mensagem que queria passar. Portanto, repara como, enquanto estava à espera de nos encontrarmos para fazer o podcast, estava ali um bom exemplo de comunicador na televisão.
JORGE CORREIA 00:39:35 Qual é o elemento mais importante para tornar uma mensagem inesquecível? Que ela.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:39:39 Seja simples, não é? Ela tem que ser simples. Tem que nos ficar também no no ouvido. E tem que ser concisa e com, obviamente, com compaixão e com emoção. Isso aí é fundamental em comunicação e.
JORGE CORREIA 00:39:54 Se tu tiveres 10/2 para contar tudo, consegues estruturar uma mensagem onde é que? Onde é que tu ias diretamente?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:40:02 Consegues. Desde que ia para Paris. Lá está, nós vamos sempre bater aqui nesta nesta área e que.
JORGE CORREIA 00:40:07 Ajuda nas alturas em que em que precisa de imediatamente o INEM. É um bom exemplo de que precisas de estar lá e de responder rapidamente e portanto, ter duas, três, quatro coisas que que funcionem. Tem que.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:40:19 Estar preparado. A comunicação.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:40:21 Como eu dizia logo no início da nossa conversa, há pouco espaço para para o improviso. Vamos? Olha, vamos ver aqui o exemplo do INEM, que eu acho que é interessante. No dia em que acontecer alguma situação verdadeiramente grave, vou dar um exemplo um atentado terrorista. E nós, felizmente temos estado imunes a isso enquanto país. Mas do ponto de vista teórico pode acontecer e o.
JORGE CORREIA 00:40:46 Socorro médico será obviamente.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:40:48 Crítico, Será crítico. Quando isso acontecer, o departamento de comunicação não vai ter tempo para estar a operacionalizar um conjunto de instrumentos de comunicação e por isso é que a instituição tem já preparada um conjunto de comunicados ao público e à comunicação social para um evento desses que ocorra.
JORGE CORREIA 00:41:09 São pré formas pré pré ideias de estrutura de dos vários eventos que.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:41:14 Podem ir com as mensagens chave que tu já sabes que queres passar nessa circunstância. Claro que depois tens que adaptar em função da circunstância concreta. Quanto às vítimas a O que é que aconteceu, qual foi a situação? Mas há toda uma mensagem que já pode estar preparada e ela está.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:41:29 Portanto, a instituição tem preparados um conjunto de ferramentas para dar resposta eficaz do ponto de vista comunicacional num evento dessa natureza, Como há uma série de áreas que estão muitíssimo bem preparadas, a aviação civil e todos eles têm já preparados os seus instrumentos de comunicação para o caso de cair um avião, que é assim o fenómeno, talvez mais mais extremo nisso, nessa área de negócio.
JORGE CORREIA 00:41:53 Mas depois precisam de o treinar, porque a ideia de que tens um plano com coisas pré feitas, com porta vozes nomeados, mas está num belo caderno na prateleira mais bonita do edifício.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:42:02 E aí entram os exercícios, as simulações de crise que são, que é um instrumento que algumas empresas recorrem precisamente para testar esses procedimentos, para que no dia em que sejam confrontados com uma crise efectiva ou verdadeira ou real, já estejam preparados para dar a melhor resposta.
JORGE CORREIA 00:42:22 E como é que se consegue comunicar uma coisa que é urgente e importante e ao mesmo tempo evitar o pânico? Porque essa é a fronteira? Que é que é difícil? Porque quando se tu, tu vais aparecer, tu vais falar sobre as coisas.
JORGE CORREIA 00:42:38 Aquilo é importante, não há nenhuma dúvida, mas a probabilidade daquilo gerar a corrida. Um bom exemplo que vai ter um impacto em nós e vai e vai assustar me, vai. Como é que? Como é que conseguimos encontrar esse.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:42:50 Equilíbrio com a verdade, explicando as pessoas quais são os riscos, quais são os desafios, mas também tendo sempre o cuidado de explicar o que é que estamos a fazer para para lidar com eles. Se quiseres eu aplico. Isso. Pode parecer um contrasenso com o que disse há pouco, que é tentar explicar as coisas como se fosse para uma criança de quatro anos. Mas o que diria? Tenta partir sempre do pressuposto que quando comunicas numa situação de risco em saúde ou outras, quando comunicas, estás a fazê lo para pessoas que são adultas e portanto tens que lhes dar os instrumentos para que tomem as melhores decisões. E isso tem que ser feito com com verdade, naturalmente. Com a tal simplificação também da mensagem e uma vez mais, com preparação, não há como fugir.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:43:38 Como fugir a isso? A corrida é um caso interessante. Aqui há uns aninhos, uns anos largos, nós tivemos uma espécie de preparação em tempo real para a corrida.
JORGE CORREIA 00:43:53 Ensaio geral?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:43:53 Sim, chamou se Gripe A. Ok, claro que depois o tempo passa, nós esquecemo nos. Instituições não aprendem com os processos pelos quais passaram. Eu, quando foi a gripe A. Trabalhava na altura na Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, como uma pessoa notável, com quem amei ter trabalhado, que é o Rei Portugal, que depois teve aí uma conferência de imprensa menos bem conseguida e que lá está a.
JORGE CORREIA 00:44:20 Maravilhosa conferência de imprensa em que ele sugere que o Natal pode ser quando o homem quiser.
Speaker 4 00:44:25 E que.
JORGE CORREIA 00:44:25 O melhor era oferecer umas compotas aos.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:44:27 Vizinhos. Isso marcou, criou, ficou com o lado do Rei Portugal. Mas foi uma pessoa com quem, Sendo que há.
JORGE CORREIA 00:44:32 Um homem que é um profundo sabedor da questão da saúde.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:44:36 Pública, está no top cinco das pessoas com quem eu adorei trabalhar.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:44:40 E em 2009, quando foi a gripe A na Direcção Geral da Saúde, havia um departamento de comunicação pronto, com pouca gente. Portanto, foi preciso reforçar aquela equipa para dar resposta aos desafios comunicacionais da Gripe A e portanto, o Rui Portugal a pediu ao Pedro vai lá fazer o favor e lá uma ajudinha da DGS. E o bom do Pedro lá foi seis meses destacado para a DGS e aí tivemos que de facto aprender à medida que que que o caminho se ia colocando e na comunicação foi um desafio. Fez muita coisa, aprendeu se muita, muitas lições que tudo depois passou para um livrinho, que se fez a experiência da gripe A, O que é que que que? O que é que nos ensinou e em que até se deixava para memória futura aquilo que se fez também na área da comunicação para que outros pudessem aprender? Uns anos depois chega a convites, não é? Ai, ai, ai, ai que agora temos aqui o menino para para lidar E isto tudo isto é novo, Mas.
JORGE CORREIA 00:45:40 Havia o livro e um treino dez anos antes.
JORGE CORREIA 00:45:42 Pois.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:45:42 Só que entretanto essa memória perdeu se. As instituições não têm essa capacidade de facto de aprender com a experiência. As pessoas.
JORGE CORREIA 00:45:49 Que saem, a.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:45:49 Pessoas que saem repara que dez anos depois, um. A comunicação da Direcção-Geral da Saúde era um pouquinho mais profissionalizada, mas ainda com pouquíssimas pessoas com carência de recursos humanos. E eu lembro me que a certa altura. Opinei sobre algo que estava a ser feito na comunicação na Gripe A e a minha colega da Direcção-Geral da Saúde e eu vou dizer o nome a Diana Mendes na altura. Quem manda aqui também? Um beijo se nos estiver a ouvir. Disse mas ok, então mas isso é a tua opinião? O que é que podemos fazer melhor isso? Olha, podem começar por ler um livrinho que devem ter aí numa prateleira da instituição sobre as lições aprendidas.
JORGE CORREIA 00:46:36 Mas depois não há tempo nem.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:46:37 Depois. Não há tempo, porque depois vem.
JORGE CORREIA 00:46:38 O tsunami e estamos todos a reagir, claro.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:46:42 Mas este exemplo, como nós tivemos um ameaço uns anos antes e o tempo passou e as instituições não se prepararam.
JORGE CORREIA 00:46:49 Portanto, dar nos ia jeito que agora, até para memória futura, Nós fizéssemos uma coisa que em Portugal fazemos muito pouco, que é registar para memória futura tudo o que aprendemos, tudo o que correu bem, tudo o que correu mal, o que é que podíamos melhorar.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:47:04 As lições aprendidas.
JORGE CORREIA 00:47:05 Mas depois não. Nós olhamos e dizemos ok, já nos livramos disto.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:47:08 A nível do Estado, repara, de facto há uma carência grande de recursos humanos especializados nesta área da comunicação e portanto é mais difícil vermos esta crise. Já estamos a pensar na próxima. Não é que agora há de ser um surto de sarampo algures e portanto já não há essa capacidade para transformar essa informação que nós tivemos e que temos.
JORGE CORREIA 00:47:27 Em conhecimento e.
Speaker 4 00:47:27 Conhecimento.
JORGE CORREIA 00:47:28 Olha como é que tu lidas com o fracasso quando aquilo corre tudo mal.
Speaker 4 00:47:33 É difícil.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:47:35 Sofre se um pouquinho. Mas lá está, nessa lógica do aprender, como é que eu agora posso evitar que isto aconteça comigo, com outros que.
JORGE CORREIA 00:47:45 Vais tirando notas, vais fazendo, vais fazendo coisas?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:47:48 Vais sim.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:47:48 Eu tenho essa, essa preocupação de procurar, de comentar normalmente as crises pelas quais os meus clientes passam, porque isso pode sempre ser útil para para uma ou outra ocorrência, para uma outra crise que venha a surgir. E já passei por muitas. Também já passei por algumas, pela preparação de algumas crises que depois não, não tiveram uma expressão pública. E isso é muito interessante porque algumas instituições que percebem a necessidade de ter de antecipar algumas crises que estão ali a pairar.
JORGE CORREIA 00:48:20 Quase crise. Aquilo que nós todos estamos a ver que pode acontecer a.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:48:24 Qualquer momento e algumas instituições. Alguns líderes percebem que quando acontecer, não vão ter tempo, não vão ter capacidade de lhe dar a resposta que se exige e a boa resposta.
JORGE CORREIA 00:48:37 Em alternativa à boa maneira portuguesa Ai meu Deus, quem me acode? Liguei para o Pedro Anda cá a desenrascar isto esfregona.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:48:43 Houve situações em que houve. Houve essa perceção de perceberem que isto poderia transformar se numa crise imediata e portanto, vamos lá prepará la. E foi interessante porque fez muito trabalho de preparação de cenários, mensagens chave, preparação de porta vozes, etc.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:48:56 E a crise? Felizmente, não, não aconteceu.
JORGE CORREIA 00:48:59 Como é que os grandes líderes recebem? Recebem o feedback, o retorno?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:49:05 Recebem como?
JORGE CORREIA 00:49:08 Em particular quando estão sob pressão? Sim, quando.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:49:09 Estão sob pressão, Dá lhes algum conforto perceber que têm ali ao seu lado alguém que percebe do assunto e que lhes pode dar bons conselhos. E o bom líder segue os conselhos. É, mas é sobretudo isso uma questão de conforto, de conforto e de perceberem que está ali uma tábua de salvação que a que nos podemos agarrar e que pode salvar nos a carreira. Porque algumas crises são crises sérias, podem levar, no limite, a que que o líder tenha que se demitir. E a forma como vais lidar com a crise pode pode evitá lo. E dentro daquilo que falávamos há pouco que o bom líder não sabe tudo. Rodeia se das pessoas que percebem dos assuntos. Olha, acho que essa é uma imagem que eu gosto. Olha para ti como uma tábua de salvação para um momento muito delicado e que pode ter custos elevadíssimos.
JORGE CORREIA 00:49:58 Como vai lá estar com uma bóia? Olha, já falámos do conteúdo, já falámos da forma, já falámos das mensagens, dos porta vozes, dessa empatia. E depois há uma coisa que é uma conversa aparentemente fútil ou não, que é exame. O que raio é que a gente veste para bem comunicar? Partindo do pressuposto que não vamos nus para dar uma entrevista ou que, em alternativa, também não vamos vestir o nosso smoking mais aperaltado para falar se calhar de uma coisa mais terra a terra. A roupa conta.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:50:26 A roupa conta sim, roupa, os acessórios, tudo isso conta. E, sobretudo, conta para que não se distraiam da nossa mensagem, daquilo que estamos a dizer.
JORGE CORREIA 00:50:37 Conta para não contar.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:50:39 Conta para não.
Speaker 4 00:50:40 Exatamente.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:50:41 Para não contar. Vamos falar aqui de um exemplo. E foi até convidada uma convidada tua. E é uma pessoa adorável é que todos nós temos uma paixão enorme. A Profª Graça Freitas não é? Quando o alfinete de peito que usa.
JORGE CORREIA 00:50:58 Uma flor maravilhosa.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:51:00 Uma flor maravilhosa, chama a.
JORGE CORREIA 00:51:01 Atenção umas.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:51:02 Coisas que quando isso se torna em tema de conversa e porque.
Speaker 4 00:51:09 Portanto.
JORGE CORREIA 00:51:10 Estamos a olhar mais para aquele acessório, neste caso literalmente e menos para.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:51:16 A mensagem, tu acompanhaste as discussões que havia em torno de zero a cada dia.
JORGE CORREIA 00:51:19 Nas conferências de imprensa.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:51:22 Qual é o alfinete que hoje? Qual é o adereço que hoje tornou.
JORGE CORREIA 00:51:26 Se uma moda? Tornou se um pretexto. Desfoca.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:51:30 Desfoca. Nós queremos que as pessoas, que o público esteja centrado na nossa mensagem. Tudo aquilo que distraia está a mais. Temos bons exemplos, temos péssimos exemplos. Eu divirto me por acaso a recolher print screen de entrevistas de televisão com os maus exemplos, sobretudo. Mas tem tudo aquilo que desvia a atenção e porque não devia estar ali. Mas o Jorge pode. Pode ser às vezes o relógio na televisão, aquele relógio que o entrevistado tem. Aquilo é daquelas coisas baratinhas, baratinhas do chinês e daqueles que custam milhares de euros.
JORGE CORREIA 00:52:02 E isso pode condicionar a interpretação da mensagem.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:52:05 Pode, evidentemente. E o contexto também é muito relevante quando vemos às vezes, aquelas reportagens na televisão, na área da saúde, aquela cirurgia inovadora, o doutor que esteve ali não sei quantas horas a operar o paciente para lhe salvar a vida. E no fim, queremos entrevistar o doutor. Vocês, jornalistas, querem entrevistar o doutor? É aceitável? Isso não retira a credibilidade à pessoa. Vê lo com aquele pijaminha de bloco operatório. Estás a ver aqueles pijaminhas verdes ou azuis?
JORGE CORREIA 00:52:35 Até dá uma credibilidade.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:52:36 A uma credibilidade, a um contexto. Exatamente. Portanto. O doutor esteve ali, caramba, a salvar a vida daquela pessoa e, portanto, agora é natural que ainda está.
JORGE CORREIA 00:52:44 Faz nos sentido para nós, que estamos a ver, dizemos ok, faz sentido.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:52:47 Não lhe retira a credibilidade, antes pelo contrário. E não tem nada que distraia. Agora o mesmo doutor que depois é convidado para ir ao telejornal da hora do almoço na televisão. Já não estamos à espera de o encontrar nos mesmos preparos, correcto? Já teve tempo de ir a casa?
JORGE CORREIA 00:53:04 Já tomou um banhinho nos? Aparece já o sulfato.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:53:08 Da sua gravata ou não a sua camiseta?
JORGE CORREIA 00:53:10 Portanto, ir de bata de cirurgião para a entrevista do telejornal não é definitivamente uma boa opção. É o.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:53:16 Contexto. E é sobretudo isso a forma como nos vestimos contribui ou não para nos dar essa credibilidade E contribui ou não também para desviar a atenção da nossa mensagem.
JORGE CORREIA 00:53:29 Portanto, gravatas berrantes com gatinhos? Provavelmente não. Brincos que sabem também não. Um cabelo cheio de brilhantina também imagino que não sejam.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:53:40 Os brincos da avó, o alfinete de peito que herdámos da avó. Já que vou à televisão vão mostrá los, não é? Creio que less is more.
JORGE CORREIA 00:53:47 E pode. Claro que pode funcionar. Podes também preparar isso. Se tu tivesses que preparar agora uma conferência mundial de paz. Podia ser uma bela fórmula. De que cor vestiria os líderes mundiais?
Speaker 4 00:54:06 Olha em cores.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:54:10 Claras, eu diria. Um azul claro, um pastel. Claro, Evitar os brancos, mas em cores que inspirem e que transmitam uma ideia de tranquilidade e, sobretudo, que não dêem nas vistas pelos pelos maus motivos.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:54:28 O mais sóbrio possível, eu diria, como se fossem visitar a madrinha para que estejam bem e que não destoem daquela que é a sua mensagem.
JORGE CORREIA 00:54:38 Pedro Coelho dos Santos. Obrigado.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:54:41 Obrigado, Jorge. Um abraço.
187 jaksoa
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Como é que a comunicação estratégica pode moldar perceções, inspirar ações e influenciar decisões? Descubra técnicas práticas, histórias reais e lições que transformam líderes em comunicadores eficazes..
Uma conversa sobre liderança e técnicas de comunicação usadas por todos os melhores e mais visionários líderes do mundo. Assim como por cá.
Vamos falar de liderança?
Todos temos uma ideia, um protótipo de líder ideal.
Para mim um líder é aquele que me inspira, dá-me confiança e atraia-me para seguir uma visão do mundo, um sonho, um caminho.
E para isso acontecer a liderança é, para mim, um puro ato de comunicação humana.
Sim, eu sei que os líderes têm de tomar decisões. Mas tem, principalmente, de conseguir explicar porque escolherem aquele caminho e não o outro.
É sobre isto o programa. Sobre pessoas que tem vontade de nos liderarem. E por isso falam-nos. Ao ouvido e ao coração. Que nós os humanos adoramos ser seduzidos e convencidos. Da mesma maneira que detestamos ser enganados, manipulados ou tratados como massas, ou, pior ainda, como irrelevante.
Tem a palavras Pedro Coelho dos Santos. Um guru da comunicação.
Ah, como sei que ele vai detestar este rótulo.
O que ainda me diverte mais. O Pedro ajuda pessoas importantes a comunicar.
E aceitou partilhar um par de segredos connosco.
Lembro-me sempre dos 4 pilares fundamentais que usamos para avaliar os outros:
São 4, para simplificar. Quatro prismas. O que conta é o que fazemos, como fazemos, como explicamos os que fazemos e como nos percecionam no que fazemos. Não fui eu quem inventou este conceito, foi um senhor de seu nome Dale Carnegie, um norte-americano nascido em 1888. Ele escreveu um célebre livro cujo titulo em português é “Como fazer amigos e influenciar pessoas”.
Portanto, ser líder, ser um bom líder, implica comunicar bem.
E comunicar bem é o cabo dos trabalhos. Acreditem em mim.
Implica vontade, honestidade, preparação e ser genuíno.
Uma receita de alta cozinha em forma de frases que nos ressoam no ouvido e na alma.
É sobre tudo isto a conversa que gravei com Pedro Coelho dos Santos, comunicador com larga experiência no treino de líderes de empresas, organizações, políticos e todos os que dizem querer influenciar o mundo.
No fundo, a arte da liderança cruza-se com a arte da fala em público através daquilo a que podemos chamar comunicação estratégica. Em português corrente: pensa antes de falar, treina muito e sê tu mesmo.
Para que todo isto funcione há uma cola ou teste do algodão para testar se a coisas funciona.
É a empatia. Não conheço nenhum bom líder moderno que não seja empático. E aceito ser contrariado nesta minha visão. É que é muito difícil comunicar sem gerar um sentimento de empatia. Ainda por cima é uma estrada de dois sentidos: boa comunicação pressupõe que o emissor tenha bons sentimentos pela audiência e vice-versa-
Lembrem-se: comunicação é uma relação, não um tubo a despejar palavras, ideias ou ordens.
Além de empatia, há que simplificar. Mais uma tensão para gerir: como ser simples sem perder a relevância da mensagem.
Para se conseguir isso é preciso uma preparação extrema.
Treinar, treinar, treinar.
Claro que um bom baú de grandes histórias ajuda.
E um líder com personalidade carismática faz milagres.
Mas isso é mais do que comunicação. O carisma, o verdadeiro carisma, não se compra, afina-se, mas não se treina. Talvez seja por isso que os grandes líderes são raros.
E os bons líderes com grande capacidade de comunicação são ainda mais raros.
A forma e o conteúdo.
Já agora a mensagem e a audiência.
É nesta a quadratura mágica onde a liderança e comunicação se encontrem.
Vale ser-se genuíno, pensar para que serve a comunicação e ter empatia pelo outro.
Tudo o que distrair da mensagem principal não ajudará ao objetivo final.
Em cada momento de comunicação há que responder a três premissas..
Emplica-me o porquê para eu entender as razões. Explica.me o para quê para eu saber o que muda para mim. E, principalmente, pensa sempre em como me sentirei quando me disseres algo.
TÓPICOS DA CONVERSA
A Empatia como Pilar da Comunicação
Pedro enfatiza que a empatia é a pedra angular de qualquer esforço comunicacional eficaz. Ele revela que um líder só se torna verdadeiramente inspirador quando compreende as necessidades e expectativas do seu público. “Colocar-se no lugar do outro” é um exercício essencial, mas nem sempre natural, especialmente em áreas técnicas ou políticas, onde a desconexão com o quotidiano das pessoas pode comprometer a credibilidade.
Simplificar sem Perder a Essência
Outro ponto fundamental da conversa é o equilíbrio entre simplificar a mensagem e manter o conteúdo relevante. Pedro utiliza um exemplo prático: explicar conceitos complexos como se fosse para uma criança de quatro anos, não no sentido de trivializar, mas de garantir que a mensagem é compreendida por todos, independentemente do seu nível de conhecimento. Essa habilidade, segundo o especialista, é crucial em setores como a saúde, onde decisões rápidas podem salvar vidas.
A Comunicação Não Admite Improvisos
Pedro desmonta o mito do improviso na comunicação, explicando que, mesmo os discursos aparentemente mais espontâneos, são fruto de uma preparação exaustiva. Desde entrevistas televisivas até conferências de imprensa em momentos de crise, a preparação é indispensável. Ele destaca que instituições bem-sucedidas mantêm mensagens e planos de comunicação prontos para cenários críticos, como acidentes aéreos ou atentados terroristas.
Histórias Autênticas Fazem a Diferença
O storytelling é outro ponto central da conversa. Pedro explica que uma história verdadeira, vivida e contada com emoção, é mais poderosa do que qualquer narrativa fabricada. Ele sugere que líderes construam um “baú de histórias” que reflitam os seus valores e experiências, e que possam ser usadas estrategicamente para criar conexões emocionais com o público.
A Imagem Conta, mas Não Deve Distrair
A discussão também aborda a importância da aparência e do contexto. Um acessório mal escolhido ou uma roupa inadequada pode desviar a atenção da mensagem principal, alerta Pedro. Ele cita exemplos de como a simplicidade e a sobriedade devem ser priorizadas para reforçar a credibilidade do orador.
Gestão de Crises e Media Training
Pedro defende que a preparação para crises deve ser encarada como um investimento e não como um custo. Ele sublinha a importância de media training para líderes e porta-vozes, apontando que, em países como Portugal, essa prática ainda é negligenciada, mesmo ao mais alto nível governamental. Sem formação adequada, os riscos de gafes comunicacionais e danos à reputação aumentam exponencialmente.
Sobre o convidado Pedro Coelho dos Santos
Mestre em Guerra da Informação/Competitive Intelligence, pela Academia Militar. Licenciado em Ciências da Comunicação, com especialização em Jornalismo.
Ao longo da sua carreira profissional tem-se especializado em Assessoria Mediática, Gestão de Crise Mediática e Public Affairs. É também formador em Media Training.
Nos últimos anos tem também desempenhado uma intensa atividade profissional como consultor de comunicação. Nesse âmbito, tem colaborado com diversas Instituições, com especial destaque para as áreas da saúde, gestão autárquica, indústria farmacêutica, banca e setor associativo.
Anteriormente, desempenhou o cargo de Adjunto para a comunicação social da Ministra da Saúde do XIV Governo Constitucional e de Diretor de Comunicação em diversas instituições de referência no setor da saúde: INEM, Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. No passado desempenhou também os cargos de adjunto parlamentar na Assembleia da República e Chefe do Gabinete num partido político.
Enquanto jornalista, trabalhou no jornal diário “Público”, no jornal semanário “Euronotícias” e na revista semanal “FOCUS”, sempre na área do jornalismo económico. Considera que estas experiências profissionais no jornalismo foram de grande importância para as funções que mais tarde veio a desenvolver na sua carreira profissional.
No campo académico, tem colaborado com várias instituições de ensino superior, lecionando em Licenciaturas, Mestrados e Pós-graduações. O contacto regular com o mundo académico é uma das formas que encontra para se manter atualizado com o estado da arte e manter o contacto com diferentes gerações de comunicadores.
Foi Vereador (sem pelouros) na Câmara Municipal de Sobral de Monte Agraço, pequeno concelho da região Oeste onde reside. É aí que procura a tranquilidade necessária para contrabalançar a sua intensa atividade profissional e que tem os seus cães e gatos, pois é um confesso admirador destes animais de companhia.
LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIOJORGE CORREIA Viva Pedro Coelho dos Santos Mestre em guerra de informação. Quando li esta frase disse Eu só posso começar por aqui pela Academia Militar, portanto estás no final dos tempos. És um licenciado em Ciências da Comunicação, és um especialista e a coisa mais interessante que nós conhecemos há muito tempo é treinar líderes, alguns com grande jeito para comunicação e outros com grande jeito, apenas para a liderança. Como é que é? O que é que. Como é que tu definiria se um bom comunicador ou um extraordinário comunicador?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:04:57 Olá, Jorge! Um extraordinário comunicador é aquele que consegue influenciar através da comunicação, fazer com que os outros tomem decisões que são favoráveis aos nossos interesses.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:05:10 E começaste aí pela guerra da informação e guerra da informação também é um pouco isso. É conseguirmos moldar todo o cenário que está à nossa volta para que as decisões que são tomadas nos sejam favoráveis.
JORGE CORREIA 00:05:21 Portanto, não é um mero ato de entretenimento, não é apenas uma coisa divertida, é uma coisa que tu fazes com um propósito.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:05:28 Exactamente, que é influenciar os outros. Ok. E quando falamos em influenciar.
JORGE CORREIA 00:05:33 É só sinistro?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:05:34 Sim, pode soar a sinistro, mas pode ser usado para o bem também, não é? Por exemplo, numa área que também te é muito cara, na saúde, podemos influenciar os outros a terem cuidado com consigo próprios, evitarem certas doenças, a tratar doenças, no fundo, a tomarem as melhores opções para a sua saúde. Claro que isto também é válido para eleger um presidente da República, para vender um sabonete. Para fazer muita coisa, não é? Mas é sobretudo isso. É a capacidade que temos de influenciar aqueles que estão à nossa volta.
JORGE CORREIA 00:06:06 Então, em princípio, para que essa comunicação se torne eficiente e que de alguma maneira se aproxime daquilo que tu estás a definir como o ato de influenciar os outros a um determinado comportamento.
JORGE CORREIA 00:06:20 Isso implica pensar antes e fazer depois.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:06:24 Claro que sim. Pensar e preparar a mensagem é fundamental. Nós não podemos fiar nos nos belos olhos do comunicador, não é? Ele, de facto, tem que ter alguma mensagem apelativa. E a melhor mensagem é aquela que foi preparada até até à exaustão. Nós vemos às vezes na televisão uns políticos a falar, outras ou outras pessoas e dizemos ai que belo improviso que fez ali um belo discurso. Bem, eu por norma digo que mesmo esses improvisos foram preparados ao milímetro, não é? De facto, na comunicação não há grande espaço para o improviso e a preparação significa que nós de antemão fomos pensar o que é que queremos dizer ao outro. Eu sei como é que.
JORGE CORREIA 00:07:07 Isso depois se confronta com a ideia do genuíno. Porque eu quando estou a ver alguém a comunicar bem e eu posso dizer Uau, bela comunicação! Olha, isto está a funcionar. Mas também quando me parece que aquilo é demasiado demasiado a cozinha de microondas, digo epá, se calhar está, mas se for falso, como é que conjuga se esse autêntico, com com esse, com esse brilho e com esse pensamento da mensagem que vai no fundo, tocar o outro e influenciar o outro a fazer o que quer que seja.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:07:40 Repara, repara que quando digo preparar a mensagem, não, não, não quer dizer que isso anula a autenticidade do comunicador. Nós podemos ser autênticos na mesma quando levamos a nossa cassete preparada, que é uma expressão que eu uso muito e acredito que o nosso auditório ainda sabe o que é que são as cassetes, não é? Mas tu podes. O comunicador pode ter a sua cassete preparada, podes saber o que é que quer dizer naquele momento e ser genuíno na mesma, pela empatia que cria, pelos gestos que usa, pela forma como encara a audiência. A preparação da mensagem não significa que te vais tornar um comunicador plástico, não significa que tu vais enganar aquela oportunidade que tens para comunicar. E pode ser uma entrevista na televisão, na rádio. Pode ser uma conversa como esta que estamos a ter um podcast, pode ser uma entrevista escrita para a imprensa. Vais encarar aquele momento como uma oportunidade única para passar a tua mensagem e com isso influenciar? E lá está este. Esse cuidado na preparação não significa que depois percas a autenticidade enquanto personagem, se assim quiser.
JORGE CORREIA 00:08:46 Portanto, dá te uma base para depois poderes brilhar sobre ela. Se eu pudesse escolher uma habilidade comunicativa para para um líder, para alguém que tem que ter essas características, qual é que seria? O que é que tu, no teu buquê imenso das coisas, assim o caiu? Agora tenho aqui. Vou criar aqui este líder. Vou pensar aqui neste líder. Que característica é que tu gostavas de trabalhar? Desde logo o ver.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:09:11 É uma pergunta muito interessante. Eu creio que é a empatia fundamental tu seres capaz de criar essa relação com quem te está a ouvir. Como é que a gente faz isso? Olha, em primeiro lugar, com sinceridade. E mais uma vez, isso não é incompatível com a questão da preparação da mensagem. Eu vou te dar um exemplo que talvez creio que que seja, que seja útil. Eu já tenho uma vida profissional interessante, com vários percursos e numa instituição que trabalhei e vou dizer qual é o Instituto Nacional de Emergência Médica, somos muitas vezes confrontados com situações limite, não é? E com falhas da instituição.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:09:46 Claro que quando tu trabalhas numa padaria se comete um erro quem mais terá baguette? Mas em emergência médica se comete um erro, isso pode ter consequências. Pode custar a vida de alguém. No limite, não é?
JORGE CORREIA 00:09:56 E até porque o INEM, lá está, está sempre no limite. Nós estamos sempre na expectativa, enquanto cidadãos, de que a ambulância do INEM vai chegar rápido. Que rápido que e que salve uma pessoa muito querida Para nós precisamente isso.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:10:12 Por vezes as falhas acontecem como.
JORGE CORREIA 00:10:14 É a expectativa e altíssima.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:10:15 Expectativa altíssima. Mas repara também uma coisa uma instituição que tem vários milhares de situações para atender todos os dias. Do ponto de vista estatístico, é expectável que 0,1% que correu menos bem, só que a 0,1% vai significar que alguém foi prejudicado, não é? É como eu dizia no limite, pode perder se uma vida. E eu estava a explicar te que por vezes somos confrontados com falhas da instituição e diz me a experiência que resulta sempre melhor quando se assume a falha e se explica Ao público, que também somos humanos e que a coisa não correu bem e pedimos desculpa por isso.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:10:50 E essa empatia de nós conseguirmos colocar nos no lugar do outro e percebermos que que temos que ter uma mensagem que vá ao encontro dessa expectativa e que seja conciliadora e ao mesmo tempo, que procure atenuar aquele momento difícil que quem é prejudicado está a passar. Eu penso que é fundamental, portanto, essa empatia no fundo, e também a capacidade de nós conseguirmos colocar nos no lugar do outro. Isso é algo que falha muitas das vezes. Vou dar também um exemplo a política não é uma área em que eu também já trabalhei amiúde aqui e ali. Gosto muito de ir ver como é que as coisas estão e depois voltar à minha, à vida real, à vida real. Mas uma vez lembro me de uma discussão com alguém com quem eu trabalhava, que vivia na bolha da política há muito tempo. Comentei Olha, muito bonito isso que estás a dizer. Mas diz me lá uma coisa quanto é que custa um pacote de leite no supermercado? Ui, Pedro, que disparate! Lá estás tu com os teus exemplos.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:11:46 Mas esta capacidade de te colocar tudo, colocares no lugar do outro que passa às vezes por estas pequenas coisas, não é de todo teres a noção do que é que é o dia a dia das pessoas e isso muitas das vezes falha na política, porque as pessoas estão na sua bolha, não sabem o que é que é o dia a dia do cidadão normal é não conseguem criar essa empatia, não conseguem colocar se no lugar do outro, estão.
JORGE CORREIA 00:12:07 Distantes, no fundo.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:12:08 Estão completamente distantes e, portanto, isso prejudica depois também a comunicação, porque, lá está, a mensagem pode estar muito bem preparada, mas há ali qualquer coisa que falha, sabes? E é essa empatia, porque efetivamente, tu nunca estiveste no lugar do outro. Não sabes quais são as dificuldades da pessoa no dia a dia. Isso aí não há. Não há boa comunicação nem preparação da mensagem que ultrapasse essa, essa pequena grande barreira.
JORGE CORREIA 00:12:32 Há uma questão além de empatia, que é a questão da linguagem porque tu estás a falar para os outros, os outros que estão por um lado, fora do teu universo e, portanto, há aqui uma uma questão que tem a ver com a aproximação.
JORGE CORREIA 00:12:47 Como é que tu fazes para para os ajudar, para ajudar estas pessoas a modelar ou adaptar a linguagem ao nível do conhecimento da audiência? Por exemplo, naquelas coisas que são muito complicadas de explicar, a área da saúde é um bom exemplo. A área de engenharia, enfim, todas as áreas que são complexas per si. Como é que se pode adaptar essa linguagem? Como é que o suprassumo desce do seu altar para se aproximar a nós, comuns dos mortais?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:13:15 Sim, no treino que se faz aos líderes, querem ser bons comunicadores. Eu costumo dar um conselho que há que simplificar a mensagem. Atenção que eu quando digo simplificar, não digo abandalhar. Simplificar no sentido que as pessoas nos percebam.
JORGE CORREIA 00:13:29 Onde é que está o limite? Como é que se faz isso?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:13:31 O limite. Olha, eu costumo dar um exemplo meio de brincadeira, que é expliquem me lá isso como se eu tivesse quatro anos. Não é? No sentido de que quando explicamos às crianças, nós tentamos de facto usar uma linguagem simples que elas e elas entendam, não é? E, portanto, se a criança de quatro anos conseguiu perceber o que é que nós fazemos, por exemplo, explica lá o que é que tu fazes, o que é que o que é que é o teu trabalho, não é? O que é isso de influenciar e de comunicar? E quando tens que simplificar a mensagem de forma a que uma criança de quatro anos, o exemplo que eu dei, ou alguém que não tem o teu nível de diferenciação, perceba a coisa funciona bem para qualquer tipo de auditório.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:14:13 Obviamente que as sessões se tiveres num congresso, num encontro de malta da tua tribo, da tua tribo.
JORGE CORREIA 00:14:19 E isso é curioso, porque quando, quando eu quero imaginar que quando tu tens essa conversa com um super especialistas, com super craques de determinada matéria e lhe explicas isto, lá está ao café ou num almoço que provavelmente a pessoa intuitivamente percebe que isso é verdade. Mas depois ou diacho, eu vou ao telejornal. Estão ali 2 milhões de pessoas. Estão ali os meus pares do outro lado a ouvir e a tentação de pôr a cassete e de dizer eu agora vou aqui brilhar a grande altura e a comunicação fica um bocadinho para depois.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:14:50 Esse é um grande problema porque efetivamente as pessoas tendem a falar para os seus pares, não é? Mas deste um bom exemplo uma entrevista em televisão que vai chegar a uns umas largas milhares de centenas de pessoas. Não estás a falar para os teus pais, Estás a falar para uma massa que é muito difícil de caracterizar, não é? Porque nessa nessa audiência estão os teus pares, Está, está a senhora que te limpa o escritório de manhã Não está o senhor que te faz a refeição que tu comes à hora do almoço Está os teus, os professores dos teus filhos.
JORGE CORREIA 00:15:22 Está lá tudo. E a questão é que alguns desses têm o nosso telemóvel, alguns.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:15:26 Desse nosso telemóvel também e depois quando nos dão o feedback até são normalmente implacáveis, mas mesmo assim estão lá todos. E como é que se fala para toda a gente? Simplificando e E tentando resistir a essa tentação de trazer para ali toda a nossa eloquência e a nossa sapiência sobre um determinado.
JORGE CORREIA 00:15:45 Assunto, sobre o ego, O que é que fazemos ao ego?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:15:47 O ego.
JORGE CORREIA 00:15:49 Eu vou à televisão, eu vou à rádio, à telefonia. Sou maravilhoso, vaporoso. Consigo falar com eloquência de temas. Adoro ouvir me.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:15:58 Certo, tu já me conheces há uns anos e sabes que eu às vezes sou um bocado implacável, um bocado duro com os comentários que faço, não é? Mas o ego é importante, mas o ego só sai fortalecido se tu, além de apareceres bonitinho e com bom aspeto, vá, tomaste um bom banho, puseste uns cremes, puseste eventualmente uma gravatinha, estás todo pimpão, mas depois não tens uma mensagem, não dizes nada interessante, não tens uma boa história para contar.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:16:26 É vazio e vazio, não é? Portanto, o ego com uma boa história e com uma boa mensagem, o ego voa.
JORGE CORREIA 00:16:32 Olha a história. Hoje em dia toda a gente está na moda falar dá Falar da história da Disney, quase da do storytelling. Agora as palavras em inglês atropelaram nos a nossa língua, mas a arte de contar histórias. Todos gostamos de contar histórias. Mas alguns comentadores, Alguns. Algumas pessoas que têm essa vontade de aparecer no espaço público e no espaço mediático. A quem lhe dizem Tu tens que contar uma boa história, decidem inventar uma bela história plástica, uma história postiça e essas definitivamente não colam.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:17:09 Estás a falar do que há de trabalhar no McDonald’s.
JORGE CORREIA 00:17:13 Inventar uma história ou tentar encontrar? Eu agora quero falar sobre isto, então vou aqui inventar uma história que não vivi, que até pode ser verdadeira, que não estive lá, que não a senti.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:17:24 Há sempre o problema também do fact checking, não é? Se se a história for for checada, se vai ou não sobreviver a uma boa história.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:17:33 Para já tem que ter acontecido mesmo, não é? Portanto, sem isso, a história não é história, mas não.
JORGE CORREIA 00:17:38 Passa pelo crivo da autenticidade. Se não o viveste?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:17:41 Creio que não. Isso transparece na depois, na comunicação. A paixão com que tu falas de um assunto, não e de um assunto que viveste. Uma história que passaste não é a mesma de uma história que foi inventada só porque fica bem no teu livro, na tua biografia ou na forma como queres apresentar aos outros as boas histórias. Tem emoção, não é emoção. Passa muito por efetivamente tê la, tê la vivido.
JORGE CORREIA 00:18:06 Então o que tu aconselhas? Que cada um de nós tenha um baú com histórias verdadeiras para poder, em determinados momentos, que elas possam fazer sentido naquele naquele contexto?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:18:16 Da mesma forma que trabalhamos a mensagem, nós temos também que trabalhar a história quando queremos contar, não é? E todos nós temos todas as histórias. As pessoas com quem o trabalho tem as suas histórias podem por vezes não ter, não ter noção da importância que é contar uma boa história e até para se apresentarem enquanto enquanto líderes.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:18:37 Mas todos nós temos histórias. E aqui entra também a ajuda dos profissionais de comunicação e assim dizer, porque vão.
JORGE CORREIA 00:18:45 Muito, vão muito para para lá, está para a tecnocracia das coisas, para para contar a decisão, para contar à maneira a racionalidade do processo e se esquecem do mundo real, lá está, daquilo que viveram.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:18:56 E se esquecem também, talvez de algo ainda mais básico. Repara, nós trabalhamos em comunicação há muitos anos, não é? Nem vamos dizer aqui a quantos nos conhecemos. Ficaria mal, mas, portanto, é o nosso métier, a nossa área. Nós temos a noção da importância destas coisas e até gostamos, vibramos com elas. Não é? Para quem é de outras áreas, sobretudo das mais técnicas. A comunicação ainda é vista muitas vezes como uma área que, eventualmente dispensável, é um acto utilitário.
JORGE CORREIA 00:19:25 No fundo.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:19:26 É um ato utilitário, mas sobre o qual as pessoas nem muitas vezes reflectiram. Portanto, se eu disser a alguém temos que ter uma boa história para a tua pessoa.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:19:34 Provavelmente é a primeira vez que vais estar a ouvir que alguém lhe diz aquilo.
JORGE CORREIA 00:19:37 Mas nós intuitivamente sabemos isso. Quer dizer, quando nós estamos numa numa roda de amigos, as histórias que mais pipocas e elas saltam naturalmente, nós nos rimos, nós contamos a história. E todavia, quando entramos nesse quadro de agora, vais falar num palco, agora vais falar numa num sítio público. Há uma espécie de parece que nós bloqueamos, Parece que nós emagrecemos no pior sentido.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:20:05 É uma reacção fisiológica. Mas não entremos por aí mesmo nesse encontro de amigos. Não é à mesa de jantar que tu estavas a contar. Há sempre aquele aquele que está caladinho, não é que tem alguma resistência, alguma dificuldade em partilhar as suas próprias.
JORGE CORREIA 00:20:18 E também tem histórias.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:20:19 Também tem histórias. E é nesses casos que se pode fazer muita diferença, preparando uma boa história para aquela, para aquela pessoa. E a boa história é aquela que tem emoção, que é obviamente verdadeira e que é que leva os outros a querer saber mais sobre este tipo?
JORGE CORREIA 00:20:35 Olha, nós na nossa vida, quando encontramos alguém, quando vemos alguém na televisão, quando vemos alguém até fazendo uma coisa qualquer nas redes sociais, muito rapidamente lhe tiramos a pinta.
JORGE CORREIA 00:20:48 E essa primeira impressão conta.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:20:51 Claro que sim. Há diversos estudos sobre isso. Não vou agora entrar aqui numa espécie de aula, mas sim, há vários estudos que demonstram que em poucos segundos o teu público, só com base no teu aspeto, na maneira como te apresentaste, vai dar te credibilidade ou não? E isso é também credibilidade.
JORGE CORREIA 00:21:08 Sim, credibilidade. Acredito em ti. Não acredito em.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:21:10 Ti. É credível, Não é credível. Quero continuar a ouvi lo. Não quero. E só com base na imagem, repara que nós podemos ainda nem ter aberto a boca e dito nada. E já fizeram esse julgamento sobre sobre nós.
JORGE CORREIA 00:21:21 Então isso levanta um problema que é vários, vários, vários que é. Então é essa primeira impressão tendo esse carimbo tão. um tão definitivo no fundo. Gosta, Pinta, Olha. É simpático? Olha, não é simpático. Olha, não apetece ouvir te. É imutável, isto é. É uma espécie de cadastro que ficará para sempre nas próximas palavras que tu disseres.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:21:46 Felizmente que não. Essas coisas podem ser depois também trabalhadas idealmente. E se tu fores, se és um Hanabi, por exemplo, da política, queres ter a tua carreira? As primeiras impressões vão ser importantes e têm que ser trabalhadas, mas é possível mudar perceções. E nós temos alguns exemplos na nossa praça em que isso aconteceu. Mas é sobretudo preciso muito cuidado em previamente decidirmos também como é que queremos ser percepcionados. Como é que é isso. Há pouco falámos de líderes, não é? E, portanto, nós, quando pensamos num líder, criamos uma ideia sobre o que é um líder, o que é.
JORGE CORREIA 00:22:30 Um líder exatamente? Vamos começar por aqui. O que é que é um líder?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:22:33 Alguém, Um líder é alguém que inspira confiança e que consegue mobilizar os outros para algo e levá los à ação. Olha, venham comigo para a guerra, Votem em mim, Ouçam o meu podcast. É alguém.
JORGE CORREIA 00:22:45 Que nos atrai.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:22:46 É alguém que nos atrai, É alguém que nós temos vontade de acompanhar, É o líder.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:22:51 Tem que ser um líder. Já falámos há pouco sobre isso. Empático tem que ser inspirador, tem que ser um bom comunicador. Eu não me lembro de conhecer nenhum líder que não seja um bom, um bom comunicador. Portanto, esse é o líder. E nós temos mais ou menos uma ideia do dia. Nós estamos à espera de encontrar alguém que fala baixinho, correto?
JORGE CORREIA 00:23:09 Ou que olhe assim para baixo, para o papel, como.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:23:12 Desculpa, fazer uma intervenção. E não largou o púlpito, não largou o olhar, não tirou o olhar do púlpito. Uma única não nos.
JORGE CORREIA 00:23:19 Olhou nos olhos.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:23:20 Exatamente. Nós temos essa ideia. O líder é alguém que nos, que nos nos abraça com o olhar, que tem um sorriso que tem, que tem até uma presença na na sala, na mesa de reuniões.
JORGE CORREIA 00:23:33 É aquele que entra na sala e que é que nós que enche a sala de luz no fundo de nós. É como uma espécie de magnetismo sem magnetismo.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:23:41 Exatamente alguém que que nos atrai, não é? É, portanto, um líder.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:23:47 Com este texto criaste esta ideia do líder e depois te aparece alguém que te é apresentado como líder e não corresponde a nada disto que nós tivemos a falar.
JORGE CORREIA 00:23:56 Lá se foi a expectativa.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:23:57 Qualquer coisa que não correu bem, não é? E portanto, se calhar é o chefe, não é o líder, mas mas sim os líderes. Tem um magnetismo. Sabes que eu trabalhei ao longo da minha vida com com muitos líderes e é uma característica que eu considero muito interessante. Há aqueles que valorizam a comunicação e que percebem a importância da comunicação até para as suas carreiras e para atingirem os seus objetivos enquanto líder e aqueles que consideram que não, a comunicação não é nada importante. Eu tive um líder, um presidente de uma instituição com quem trabalhei, que a certa altura me disse o que e eu responder ao Correio da Manhã. Que horror! Eu até acho que eles não deviam existir e, portanto, não trabalharmos juntos muito tempo. E eu também não lhe vaticino uma grande carreira. E assim aconteceu, de facto.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:24:43 Mas para te dizer que os das pessoas com quem trabalhei os. Os líderes que valorizam a comunicação conseguem sempre melhores resultados. E eu acho que isso não acontece por pura coincidência, não é? Efectivamente, a comunicação é importante para que eles, enquanto líderes, consigam influenciar os outros e para que consigam atingir os objectivos da instituição ou pessoais que a que se propuseram. Portanto, não acho. Eu acho que não é mesmo coincidência e a comunicação desempenha aí um papel muito, muito importante.
JORGE CORREIA 00:25:14 E como é que tu lidas com. Com um cliente mais birrento?
Speaker 4 00:25:20 Isso é humano. É uma coisa muito difícil.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:25:23 Porque a De comunicação, toda a gente percebe um pouco.
JORGE CORREIA 00:25:27 Esse é o ponto, não é?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:25:28 Esse é o ponto.
JORGE CORREIA 00:25:28 Às tantas são treinadores de eu como sei de tudo, também sei de de de comunicação e portanto, no fundo o Pedro da Meio faz me umas mensagens que o que eu vou agora fazer aqui? Uma coisa.
Speaker 4 00:25:42 Brilhante. Às vezes é um pouco mais.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:25:43 Complicado que isso. Jorge, quando tu estás na reunião com o cliente e ele te diz eu acho que eu tenho lá em casa, olha, o meu filho também faz uns vídeos e umas coisas para as redes sociais.
JORGE CORREIA 00:25:53 E arriscamos.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:25:54 Isto exactamente e um pouquinho mais do que isso. Como é que se lida com isto? Com alguma paciência. O problema é que eu não tenho muita, porque pronto. Felizmente por vezes podes recusar clientes e já aconteceu. Pessoas com quem eu também não me identifico e não vejo um bom propósito na causa, não me mobiliza também para aplicar aquilo que eu sei ao serviço desse desse projecto.
JORGE CORREIA 00:26:20 Tem que haver uma química também para tu poderes ajudar estas pessoas.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:26:23 Sim, tem que haver uma química, mas tem que haver sobretudo aqui uma questão também de de humildade. E o que é que eu quero dizer com isto? Quando não percebes algum assunto, vais à procura do especialista, não é? Doutor, dói me a barriga. O que é que se passa comigo, não é? Colocamo nos nas mãos daquele especialista e a humildade no sentido de perceberes que tu há uma área que não dominas, que é a comunicação. Tens que dominar. Não é a tua área nativa, não é? E portanto vens pedir a ajuda de um especialista, de um consultor e portanto, convém, já agora, que ouças o que tem para dizer e que siga o que siga os teus conselhos.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:27:00 Há uma história que eu gostava de te contar e que para mim revela de facto, a capacidade do gestor. A certa altura, uma instituição com a qual eu colaborava em pleno conflito, tem uma crise brutal e eu penso que posso contar a história porque não há aqui nenhuma questão de confidencialidade. É pública a história. Sim, o Hospital Fernanda Fonseca não é num determinado dia em que havia muitos doentes graves e os doentes com que precisavam de tratamento com oxigénio de alto débito. Portanto, com muitos doentes, numa daquelas fases de pico em que estão 400 doentes a fazer oxigenoterapia. E houve um problema no sistema de fornecimento de oxigénio, portanto na pressão.
JORGE CORREIA 00:27:40 Portanto, uma crise real.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:27:42 Uma crise real que acontece de forma inesperada, como todas as crises. Eu depois posso te contar mais pormenores, mas a certa altura somos chamados de emergência para ajudar, porque a crise ali não tem só os doentes a quem tens que resolver o problema e encaminhar para os outros hospitais garantir que têm oxigénio, porque senão sem oxigénio morrem, não é? Portanto, além de resolver o problema, tens depois aqui a crise mediática que é explicada, neste caso com uma manchete de um do Expresso Online.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:28:09 E a seguir tens as televisões, tens as rádios, tens uma avalanche de jornalistas à porta e é preciso também resolver a crise mediática.
JORGE CORREIA 00:28:15 E aqui dois planos. Uma coisa é o problema em si mesmo. E aí a gente espera que os engenheiros que percebam de oxigênio e afins resolvam o problema dos tubos, porcas e parafusos.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:28:26 O problema mediático é o.
JORGE CORREIA 00:28:27 Problema mediático, que é o problema da percepção do que é que nos está a.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:28:30 Acontecer. Não é o problema também que isso impacta depois na reputação da instituição, mas no problema mediático. Voltando um pouquinho atrás, portanto, nós e a equipa que trabalhava comigo somos chamados para tentar ajudar e resolver na questão mediática. E eu lembro perfeitamente. Fazíamos ali uma reunião, dois ou três minutos. E eu digo para o presidente do Conselho Prestação, um dos melhores gestores com quem eu trabalhei até hoje, o Dr. Marco Ferreira. E digo lhe assim olhe nós agora para resolver o problema mediático temos que fazer isto. Dito isto, isto é, meu caro, eu não tenho tempo para lhe explicar agora o porquê e a resposta dele.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:29:06 Muito bem, vocês é que são os especialistas. Eu sigo os vossos conselhos. Façam aquilo que tiverem que fazer. O que lhe correu menos bem. Eu estou cá para assumir as responsabilidades, mas façam aquilo que entendem que têm que fazer neste momento. Mas isso é errado para mim. Isto é muito raro, mas é o bom exemplo de que do que um líder que tem uma equipa de consultores de uma determinada área deve fazer neste momento, portanto, aquilo que falavas de seguir ou não os conselhos, sendo.
JORGE CORREIA 00:29:31 Que uma crise, até pela sua dificuldade e imagino que essa em particular e toca à área da saúde, a probabilidade de que as coisas não corram bem além do evento inicial são são reais elas. É muito complexo fazer isto. E como é que se dão mais notícias?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:29:54 Aliás, mais notícias dão. Dão se dando a cara e dando as más notícias olhos nos olhos. Não há outra forma de dar uma má notícia. Não adianta. Procurá lo, Procurar fazer sem, sem que dês a cara às instituições.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:30:11 Sobretudo isso é uma crítica que eu faço frequentemente quando há que dar uma má notícia. Escudam se atrás de um papel.
JORGE CORREIA 00:30:17 De um comunicado de imprensa que normalmente é vago exatamente.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:30:20 De umas linhas. E isso não pode acontecer numa situação difícil. Alguém tem que dar a cara pela instituição e até suposto que seja o líder, porque também aí se vê efetivamente um bom líder.
JORGE CORREIA 00:30:32 E se o líder não tiver jeitinho nenhum para comunicar?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:30:34 Se o líder não tiver jeitinho nenhum para comunicar o que acontece, convém que já tenha sido preparado previamente para que isso? Para que isso aconteça?
JORGE CORREIA 00:30:42 Acontecia habitualmente antes. Infelizmente, acho que agora um pouco menos que. E as instituições tinham porta vozes, Sim, treinados, profissionais ou não. Ou não. Eu penso sempre no exemplo da CP.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:30:58 Fazia escola, claro, fazia escola.
JORGE CORREIA 00:30:59 Não é que era um homem da CP que, acontecesse o que acontecesse às 08h00, na telefonia, ele aparecia sempre a dizer o que é que tinha acontecido, a dar informações relevantes e a dar a cara.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:31:16 Sim, tu tens toda a razão. A figura do porta voz caiu um pouquinho em desuso, não é? Mas ela é fundamental por tudo aquilo que temos vindo a falar agora. Porque é preciso dar a cara, porque é preciso. Elemento humano, não é? É a figura do porta voz. Infelizmente desapareceu. Mas mesmo os porta vozes têm de ser preparados previamente, não é? E mesmo a má notícia também pode ser treinada, pode ser simulada. E tudo isso é um trabalho prévio de preparação na área da comunicação, que, infelizmente, as instituições e os líderes desvalorizam muito em alguns países. Vou dar um exemplo é impensável que tu chegues a determinado cargo no setor privado ou no público, sem teres feito em media training pelo caminho. Os media training, para quem não sabe, é no fundo, treinares. Como é que se lida com jornalistas? Como é que num ambiente.
JORGE CORREIA 00:32:08 Controlado.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:32:08 Num ambiente controlado, como é que prepara? Como é que formata a tua mensagem e como é que consegues que ela seja passada de forma eficaz ao público através obviamente dos media.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:32:19 E em alguns países, como eu dizia, é absolutamente impensável que chegues a um determinado cargo e às vezes estamos a falar de gestão intermédia sem ter feito um media training. Porquê? Porque a qualquer momento o pode ser o porta voz da instituição. Podes ter que dar a cara pela instituição. Cá em Portugal, quantos e quantos e quantos ministros chegam ao cargo sem nunca ter feito um media training? Olha, eu trabalhei com uma ministra, por exemplo, fui adjunto para a comunicação social de uma ministra da Saúde que nunca tinha feito um media training, nem fez.
JORGE CORREIA 00:32:46 E treinou no Real.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:32:48 Aprendi precisamente no real. Nós temos agora, no actual governo, alguns bons exemplos a agir, porque nós estamos com poucos meses de governo e olhamos para o elenco governativo e já percebemos quem é que são os pontos fracos do ponto de vista comunicacional.
JORGE CORREIA 00:33:03 Uns muito bons, muito profissionais, muito assertivos, muito. E há outros e outros claramente.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:33:10 Fracos que eu não vou aqui e.
JORGE CORREIA 00:33:11 Que precisavam de.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:33:12 Treino, precisavam de treino e, portanto, é absolutamente.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:33:16 Estranho que se chegue a este nível de relevância e de responsabilidade, sem nunca ter treinado, sem nunca ter sequer reflectido ou preparado estas questões, porque não é valorizado, não é valorizado e visto normalmente como um custo e não como um investimento. Não temos essa tradição ainda no nosso país. Estamos muito longe da realidade de outros países, mas repara como ao mais alto nível, neste caso o Governo da República. Há aqui um aprender no caminho, como tu estavas a dizer. Só que entretanto, quando não se tem jeitinho para a coisa, já foste trucidado, já que já não tens o já. Já cometeste várias gafes comunicacionais, já criaste ruído nas entrevistas e nas aparições públicas que tiveste. Isso aí, normalmente depois é muito difícil de recuperar e muito curioso.
JORGE CORREIA 00:34:06 Nós estamos a falar do do topo da cadeia, da liderança do país. Mas se eu pensar numa cidade, numa aldeia ou numa vila. As instituições e as organizações, a Junta de Freguesia, quase a paróquia, parece que não tem esse sentido de serviço público, de dizer o que é que andam a fazer e para que é que andam a fazer e a intervir no espaço de comunicação.
JORGE CORREIA 00:34:32 Ou o fazem porque acham que há aqui uma coisa que vai ficar bem na fotografia para o presidente da Junta ser eleito. Mas quando alguma coisa, quando o cano da água ficou roto, há uma clara, uma vontade de resolver o problema, mas, mas não de se aproximar as pessoas e de dizer olha, isto está a acontecer e a gente está a tentar resolver isto.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:34:53 Isso, esse problema é muito mais transversal do que as juntas de freguesia ou as câmaras municipais e tudo. Infelizmente, no nosso país, a comunicação institucional ainda não foi percecionada como sendo absolutamente decisiva para que a instituição, seja ela qual for, pública, privada, etc, consiga melhorar a forma como é percecionada pelo público e como pode fazer da comunicação um instrumento para obter melhores resultados. Como é que.
JORGE CORREIA 00:35:22 É que que receita, que coisas é que tem.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:35:25 Que ter quando às vezes nem a grande empresa que fatura milhões por ano tem essa ideia, tem essa ideia e tem a sua comunicação cuidada e profissionalizada. Quanto mais a Junta de Freguesia, em que o Presidente nem sequer está a tempo inteiro e que tem lá uma funcionária para atendimento ao público e resume se a isso, não é? Portanto.
JORGE CORREIA 00:35:47 É curioso mas. Mas eu até nem estava a pensar não só na comunicação pública, mas todos sentimos a diferença que faz chegarmos a um gabinete administrativo qualquer e ver se somos recebidos com um sorriso, com um acolhimento, com uma palavra ou, pelo contrário, nos olham quase como um extraterrestre que acabou de chegar ali. Aquele serviço é que é aborrecido. Está aqui mais um, está aqui, mais uma pessoa para para nos moer a cabeça.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:36:12 Claro que fugimos um bocadinho da comunicação, estamos a falar mais no atendimento, mas.
JORGE CORREIA 00:36:16 A pensar na comunicação interpessoal.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:36:18 Claro, claro.
JORGE CORREIA 00:36:19 Como e como é importante.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:36:21 Também é importante a todos os níveis, como tu dizes, desde desde a pessoa que nos recebe ao balcão até à mensagem de Natal do CEO da empresa. Tudo, na realidade, tudo é comunicação. Eu costumo dizer isso até à forma como tu de manhã dizes bom dia à pessoa quando vais comprar o pão já é a comunicação e vais.
JORGE CORREIA 00:36:41 Deixar logo lá uma uma marca. Olha, os porta vozes muitas vezes têm que responder a perguntas difíceis ou polémicas como é que? Como é que se prepara? Como é que se preparam as pessoas para para esse, para essa parte que é a parte difícil da comunicação?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:36:56 Como contarem com o media training com informações específicas?
JORGE CORREIA 00:37:02 Fugindo às perguntas?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:37:03 Não, não é difícil fugir às perguntas, Porque se tu foges ostensivamente às perguntas, estás a criar ali uma barreira comunicacional junto do teu público.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:37:13 E a.
JORGE CORREIA 00:37:13 Mensagem não passa, as.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:37:14 Mensagens não passa. O segredo é responderes rapidamente a pergunta que te é feita e passar a tua cassete. Eu costumo dizer uma coisa que se calhar às vezes irrita alguns jornalistas, que é quando se treina porta vozes e líderes para comunicarem que as perguntas são importantes, mas não são relevantes. O que é que o que interessa mesmo é aquilo que tu queres responder?
JORGE CORREIA 00:37:39 Estás a comprar uma batalha gigante, Mas as coisas para os jornalistas as.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:37:43 Coisas são como são. Acho que já temos todos experiência suficiente, mas.
JORGE CORREIA 00:37:47 A pergunta está feita. Em princípio, a pergunta incorpora aquilo que é o interesse público ou a perceção que o jornalista tem daquele, daquele entendimento, daquela daquela história. Se te faz uma pergunta sobre um determinado tópico num determinado ângulo, em princípio essa pergunta faz sentido, claro.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:38:01 E há que responder lhe ao mesmo. Mas conseguires aqui um equilíbrio e conseguires pontuar essa resposta à pergunta com aquilo que é a tua mensagem?
JORGE CORREIA 00:38:09 Não faz sentido dizer assim Está me a perguntar sobre meteorologia, mas eu quero é falar das Bahamas ou da Praia ou dos Açores.
JORGE CORREIA 00:38:15 Faz sentido responder à pergunta em primeiro lugar e depois conseguir fazer uma.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:38:20 Pergunta e fazer aquilo que chamou bridging para aquilo que é a nossa mensagem, para aquilo que eu, neste momento, quer dizer àquele.
JORGE CORREIA 00:38:26 Público. O que é uma habilidade interessante e especial para se conseguir.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:38:30 Fazer isto é uma habilidade interessante, sabes? Mais uma história que eu vou contar agora. Quando estava à espera que me chamassem aqui para o estúdio para para vir gravar o podcast.
JORGE CORREIA 00:38:39 Colocadas as coisas assim, parece que um consultório dentista ali fora à espera.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:38:43 Na portaria do edifício, estava a televisão. Estava a passar, portanto, a emissão da RTP e estavam a fazer a cobertura de um problema que um incidente, uma emergência que houve hoje em Espanha, com o mau tempo. E lá estava o rei de Espanha a responder aos jornalistas. E foi muito curioso ver como de facto deve ter feito muitos media training ao longo da vida, porque ao mesmo tempo que respondia às questões dos jornalistas relacionadas, obviamente, com a tragédia, com o número de vítimas, o rei de Espanha falava também sobre a importância de colocar os meios necessários à disposição dos serviços de emergência, sobre a necessidade do público colaborar com os com os serviços de emergência também.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:39:23 Ou seja. Sim, respondeu, Mas ao mesmo tempo ele tinha uma mensagem que queria passar. Portanto, repara como, enquanto estava à espera de nos encontrarmos para fazer o podcast, estava ali um bom exemplo de comunicador na televisão.
JORGE CORREIA 00:39:35 Qual é o elemento mais importante para tornar uma mensagem inesquecível? Que ela.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:39:39 Seja simples, não é? Ela tem que ser simples. Tem que nos ficar também no no ouvido. E tem que ser concisa e com, obviamente, com compaixão e com emoção. Isso aí é fundamental em comunicação e.
JORGE CORREIA 00:39:54 Se tu tiveres 10/2 para contar tudo, consegues estruturar uma mensagem onde é que? Onde é que tu ias diretamente?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:40:02 Consegues. Desde que ia para Paris. Lá está, nós vamos sempre bater aqui nesta nesta área e que.
JORGE CORREIA 00:40:07 Ajuda nas alturas em que em que precisa de imediatamente o INEM. É um bom exemplo de que precisas de estar lá e de responder rapidamente e portanto, ter duas, três, quatro coisas que que funcionem. Tem que.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:40:19 Estar preparado. A comunicação.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:40:21 Como eu dizia logo no início da nossa conversa, há pouco espaço para para o improviso. Vamos? Olha, vamos ver aqui o exemplo do INEM, que eu acho que é interessante. No dia em que acontecer alguma situação verdadeiramente grave, vou dar um exemplo um atentado terrorista. E nós, felizmente temos estado imunes a isso enquanto país. Mas do ponto de vista teórico pode acontecer e o.
JORGE CORREIA 00:40:46 Socorro médico será obviamente.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:40:48 Crítico, Será crítico. Quando isso acontecer, o departamento de comunicação não vai ter tempo para estar a operacionalizar um conjunto de instrumentos de comunicação e por isso é que a instituição tem já preparada um conjunto de comunicados ao público e à comunicação social para um evento desses que ocorra.
JORGE CORREIA 00:41:09 São pré formas pré pré ideias de estrutura de dos vários eventos que.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:41:14 Podem ir com as mensagens chave que tu já sabes que queres passar nessa circunstância. Claro que depois tens que adaptar em função da circunstância concreta. Quanto às vítimas a O que é que aconteceu, qual foi a situação? Mas há toda uma mensagem que já pode estar preparada e ela está.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:41:29 Portanto, a instituição tem preparados um conjunto de ferramentas para dar resposta eficaz do ponto de vista comunicacional num evento dessa natureza, Como há uma série de áreas que estão muitíssimo bem preparadas, a aviação civil e todos eles têm já preparados os seus instrumentos de comunicação para o caso de cair um avião, que é assim o fenómeno, talvez mais mais extremo nisso, nessa área de negócio.
JORGE CORREIA 00:41:53 Mas depois precisam de o treinar, porque a ideia de que tens um plano com coisas pré feitas, com porta vozes nomeados, mas está num belo caderno na prateleira mais bonita do edifício.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:42:02 E aí entram os exercícios, as simulações de crise que são, que é um instrumento que algumas empresas recorrem precisamente para testar esses procedimentos, para que no dia em que sejam confrontados com uma crise efectiva ou verdadeira ou real, já estejam preparados para dar a melhor resposta.
JORGE CORREIA 00:42:22 E como é que se consegue comunicar uma coisa que é urgente e importante e ao mesmo tempo evitar o pânico? Porque essa é a fronteira? Que é que é difícil? Porque quando se tu, tu vais aparecer, tu vais falar sobre as coisas.
JORGE CORREIA 00:42:38 Aquilo é importante, não há nenhuma dúvida, mas a probabilidade daquilo gerar a corrida. Um bom exemplo que vai ter um impacto em nós e vai e vai assustar me, vai. Como é que? Como é que conseguimos encontrar esse.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:42:50 Equilíbrio com a verdade, explicando as pessoas quais são os riscos, quais são os desafios, mas também tendo sempre o cuidado de explicar o que é que estamos a fazer para para lidar com eles. Se quiseres eu aplico. Isso. Pode parecer um contrasenso com o que disse há pouco, que é tentar explicar as coisas como se fosse para uma criança de quatro anos. Mas o que diria? Tenta partir sempre do pressuposto que quando comunicas numa situação de risco em saúde ou outras, quando comunicas, estás a fazê lo para pessoas que são adultas e portanto tens que lhes dar os instrumentos para que tomem as melhores decisões. E isso tem que ser feito com com verdade, naturalmente. Com a tal simplificação também da mensagem e uma vez mais, com preparação, não há como fugir.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:43:38 Como fugir a isso? A corrida é um caso interessante. Aqui há uns aninhos, uns anos largos, nós tivemos uma espécie de preparação em tempo real para a corrida.
JORGE CORREIA 00:43:53 Ensaio geral?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:43:53 Sim, chamou se Gripe A. Ok, claro que depois o tempo passa, nós esquecemo nos. Instituições não aprendem com os processos pelos quais passaram. Eu, quando foi a gripe A. Trabalhava na altura na Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, como uma pessoa notável, com quem amei ter trabalhado, que é o Rei Portugal, que depois teve aí uma conferência de imprensa menos bem conseguida e que lá está a.
JORGE CORREIA 00:44:20 Maravilhosa conferência de imprensa em que ele sugere que o Natal pode ser quando o homem quiser.
Speaker 4 00:44:25 E que.
JORGE CORREIA 00:44:25 O melhor era oferecer umas compotas aos.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:44:27 Vizinhos. Isso marcou, criou, ficou com o lado do Rei Portugal. Mas foi uma pessoa com quem, Sendo que há.
JORGE CORREIA 00:44:32 Um homem que é um profundo sabedor da questão da saúde.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:44:36 Pública, está no top cinco das pessoas com quem eu adorei trabalhar.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:44:40 E em 2009, quando foi a gripe A na Direcção Geral da Saúde, havia um departamento de comunicação pronto, com pouca gente. Portanto, foi preciso reforçar aquela equipa para dar resposta aos desafios comunicacionais da Gripe A e portanto, o Rui Portugal a pediu ao Pedro vai lá fazer o favor e lá uma ajudinha da DGS. E o bom do Pedro lá foi seis meses destacado para a DGS e aí tivemos que de facto aprender à medida que que que o caminho se ia colocando e na comunicação foi um desafio. Fez muita coisa, aprendeu se muita, muitas lições que tudo depois passou para um livrinho, que se fez a experiência da gripe A, O que é que que que? O que é que nos ensinou e em que até se deixava para memória futura aquilo que se fez também na área da comunicação para que outros pudessem aprender? Uns anos depois chega a convites, não é? Ai, ai, ai, ai que agora temos aqui o menino para para lidar E isto tudo isto é novo, Mas.
JORGE CORREIA 00:45:40 Havia o livro e um treino dez anos antes.
JORGE CORREIA 00:45:42 Pois.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:45:42 Só que entretanto essa memória perdeu se. As instituições não têm essa capacidade de facto de aprender com a experiência. As pessoas.
JORGE CORREIA 00:45:49 Que saem, a.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:45:49 Pessoas que saem repara que dez anos depois, um. A comunicação da Direcção-Geral da Saúde era um pouquinho mais profissionalizada, mas ainda com pouquíssimas pessoas com carência de recursos humanos. E eu lembro me que a certa altura. Opinei sobre algo que estava a ser feito na comunicação na Gripe A e a minha colega da Direcção-Geral da Saúde e eu vou dizer o nome a Diana Mendes na altura. Quem manda aqui também? Um beijo se nos estiver a ouvir. Disse mas ok, então mas isso é a tua opinião? O que é que podemos fazer melhor isso? Olha, podem começar por ler um livrinho que devem ter aí numa prateleira da instituição sobre as lições aprendidas.
JORGE CORREIA 00:46:36 Mas depois não há tempo nem.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:46:37 Depois. Não há tempo, porque depois vem.
JORGE CORREIA 00:46:38 O tsunami e estamos todos a reagir, claro.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:46:42 Mas este exemplo, como nós tivemos um ameaço uns anos antes e o tempo passou e as instituições não se prepararam.
JORGE CORREIA 00:46:49 Portanto, dar nos ia jeito que agora, até para memória futura, Nós fizéssemos uma coisa que em Portugal fazemos muito pouco, que é registar para memória futura tudo o que aprendemos, tudo o que correu bem, tudo o que correu mal, o que é que podíamos melhorar.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:47:04 As lições aprendidas.
JORGE CORREIA 00:47:05 Mas depois não. Nós olhamos e dizemos ok, já nos livramos disto.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:47:08 A nível do Estado, repara, de facto há uma carência grande de recursos humanos especializados nesta área da comunicação e portanto é mais difícil vermos esta crise. Já estamos a pensar na próxima. Não é que agora há de ser um surto de sarampo algures e portanto já não há essa capacidade para transformar essa informação que nós tivemos e que temos.
JORGE CORREIA 00:47:27 Em conhecimento e.
Speaker 4 00:47:27 Conhecimento.
JORGE CORREIA 00:47:28 Olha como é que tu lidas com o fracasso quando aquilo corre tudo mal.
Speaker 4 00:47:33 É difícil.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:47:35 Sofre se um pouquinho. Mas lá está, nessa lógica do aprender, como é que eu agora posso evitar que isto aconteça comigo, com outros que.
JORGE CORREIA 00:47:45 Vais tirando notas, vais fazendo, vais fazendo coisas?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:47:48 Vais sim.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:47:48 Eu tenho essa, essa preocupação de procurar, de comentar normalmente as crises pelas quais os meus clientes passam, porque isso pode sempre ser útil para para uma ou outra ocorrência, para uma outra crise que venha a surgir. E já passei por muitas. Também já passei por algumas, pela preparação de algumas crises que depois não, não tiveram uma expressão pública. E isso é muito interessante porque algumas instituições que percebem a necessidade de ter de antecipar algumas crises que estão ali a pairar.
JORGE CORREIA 00:48:20 Quase crise. Aquilo que nós todos estamos a ver que pode acontecer a.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:48:24 Qualquer momento e algumas instituições. Alguns líderes percebem que quando acontecer, não vão ter tempo, não vão ter capacidade de lhe dar a resposta que se exige e a boa resposta.
JORGE CORREIA 00:48:37 Em alternativa à boa maneira portuguesa Ai meu Deus, quem me acode? Liguei para o Pedro Anda cá a desenrascar isto esfregona.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:48:43 Houve situações em que houve. Houve essa perceção de perceberem que isto poderia transformar se numa crise imediata e portanto, vamos lá prepará la. E foi interessante porque fez muito trabalho de preparação de cenários, mensagens chave, preparação de porta vozes, etc.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:48:56 E a crise? Felizmente, não, não aconteceu.
JORGE CORREIA 00:48:59 Como é que os grandes líderes recebem? Recebem o feedback, o retorno?
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:49:05 Recebem como?
JORGE CORREIA 00:49:08 Em particular quando estão sob pressão? Sim, quando.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:49:09 Estão sob pressão, Dá lhes algum conforto perceber que têm ali ao seu lado alguém que percebe do assunto e que lhes pode dar bons conselhos. E o bom líder segue os conselhos. É, mas é sobretudo isso uma questão de conforto, de conforto e de perceberem que está ali uma tábua de salvação que a que nos podemos agarrar e que pode salvar nos a carreira. Porque algumas crises são crises sérias, podem levar, no limite, a que que o líder tenha que se demitir. E a forma como vais lidar com a crise pode pode evitá lo. E dentro daquilo que falávamos há pouco que o bom líder não sabe tudo. Rodeia se das pessoas que percebem dos assuntos. Olha, acho que essa é uma imagem que eu gosto. Olha para ti como uma tábua de salvação para um momento muito delicado e que pode ter custos elevadíssimos.
JORGE CORREIA 00:49:58 Como vai lá estar com uma bóia? Olha, já falámos do conteúdo, já falámos da forma, já falámos das mensagens, dos porta vozes, dessa empatia. E depois há uma coisa que é uma conversa aparentemente fútil ou não, que é exame. O que raio é que a gente veste para bem comunicar? Partindo do pressuposto que não vamos nus para dar uma entrevista ou que, em alternativa, também não vamos vestir o nosso smoking mais aperaltado para falar se calhar de uma coisa mais terra a terra. A roupa conta.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:50:26 A roupa conta sim, roupa, os acessórios, tudo isso conta. E, sobretudo, conta para que não se distraiam da nossa mensagem, daquilo que estamos a dizer.
JORGE CORREIA 00:50:37 Conta para não contar.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:50:39 Conta para não.
Speaker 4 00:50:40 Exatamente.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:50:41 Para não contar. Vamos falar aqui de um exemplo. E foi até convidada uma convidada tua. E é uma pessoa adorável é que todos nós temos uma paixão enorme. A Profª Graça Freitas não é? Quando o alfinete de peito que usa.
JORGE CORREIA 00:50:58 Uma flor maravilhosa.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:51:00 Uma flor maravilhosa, chama a.
JORGE CORREIA 00:51:01 Atenção umas.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:51:02 Coisas que quando isso se torna em tema de conversa e porque.
Speaker 4 00:51:09 Portanto.
JORGE CORREIA 00:51:10 Estamos a olhar mais para aquele acessório, neste caso literalmente e menos para.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:51:16 A mensagem, tu acompanhaste as discussões que havia em torno de zero a cada dia.
JORGE CORREIA 00:51:19 Nas conferências de imprensa.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:51:22 Qual é o alfinete que hoje? Qual é o adereço que hoje tornou.
JORGE CORREIA 00:51:26 Se uma moda? Tornou se um pretexto. Desfoca.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:51:30 Desfoca. Nós queremos que as pessoas, que o público esteja centrado na nossa mensagem. Tudo aquilo que distraia está a mais. Temos bons exemplos, temos péssimos exemplos. Eu divirto me por acaso a recolher print screen de entrevistas de televisão com os maus exemplos, sobretudo. Mas tem tudo aquilo que desvia a atenção e porque não devia estar ali. Mas o Jorge pode. Pode ser às vezes o relógio na televisão, aquele relógio que o entrevistado tem. Aquilo é daquelas coisas baratinhas, baratinhas do chinês e daqueles que custam milhares de euros.
JORGE CORREIA 00:52:02 E isso pode condicionar a interpretação da mensagem.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:52:05 Pode, evidentemente. E o contexto também é muito relevante quando vemos às vezes, aquelas reportagens na televisão, na área da saúde, aquela cirurgia inovadora, o doutor que esteve ali não sei quantas horas a operar o paciente para lhe salvar a vida. E no fim, queremos entrevistar o doutor. Vocês, jornalistas, querem entrevistar o doutor? É aceitável? Isso não retira a credibilidade à pessoa. Vê lo com aquele pijaminha de bloco operatório. Estás a ver aqueles pijaminhas verdes ou azuis?
JORGE CORREIA 00:52:35 Até dá uma credibilidade.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:52:36 A uma credibilidade, a um contexto. Exatamente. Portanto. O doutor esteve ali, caramba, a salvar a vida daquela pessoa e, portanto, agora é natural que ainda está.
JORGE CORREIA 00:52:44 Faz nos sentido para nós, que estamos a ver, dizemos ok, faz sentido.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:52:47 Não lhe retira a credibilidade, antes pelo contrário. E não tem nada que distraia. Agora o mesmo doutor que depois é convidado para ir ao telejornal da hora do almoço na televisão. Já não estamos à espera de o encontrar nos mesmos preparos, correcto? Já teve tempo de ir a casa?
JORGE CORREIA 00:53:04 Já tomou um banhinho nos? Aparece já o sulfato.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:53:08 Da sua gravata ou não a sua camiseta?
JORGE CORREIA 00:53:10 Portanto, ir de bata de cirurgião para a entrevista do telejornal não é definitivamente uma boa opção. É o.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:53:16 Contexto. E é sobretudo isso a forma como nos vestimos contribui ou não para nos dar essa credibilidade E contribui ou não também para desviar a atenção da nossa mensagem.
JORGE CORREIA 00:53:29 Portanto, gravatas berrantes com gatinhos? Provavelmente não. Brincos que sabem também não. Um cabelo cheio de brilhantina também imagino que não sejam.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:53:40 Os brincos da avó, o alfinete de peito que herdámos da avó. Já que vou à televisão vão mostrá los, não é? Creio que less is more.
JORGE CORREIA 00:53:47 E pode. Claro que pode funcionar. Podes também preparar isso. Se tu tivesses que preparar agora uma conferência mundial de paz. Podia ser uma bela fórmula. De que cor vestiria os líderes mundiais?
Speaker 4 00:54:06 Olha em cores.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:54:10 Claras, eu diria. Um azul claro, um pastel. Claro, Evitar os brancos, mas em cores que inspirem e que transmitam uma ideia de tranquilidade e, sobretudo, que não dêem nas vistas pelos pelos maus motivos.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:54:28 O mais sóbrio possível, eu diria, como se fossem visitar a madrinha para que estejam bem e que não destoem daquela que é a sua mensagem.
JORGE CORREIA 00:54:38 Pedro Coelho dos Santos. Obrigado.
PEDRO COELHO DOS SANTOS 00:54:41 Obrigado, Jorge. Um abraço.
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